Atualizado em: dezembro 4, 2024 às 9:04 am
Por Guilherme Costa
Quando eu pensei em abordar um top 10 dos melhores discos do ano, lá em 2021, foi muito em função de ver bandas que lançaram grandes discos e sequer foram lembradas em qualquer dessas listas de final de ano (como, por exemplo, o álbum “Demo”, dos potiguares do Vagalumes do Mar).
Como o Um Outro Lado da Música é movido por descobertas (com o perdão do clichê), uma das grandes surpresas de 2024 foi a dupla paranaense 43duo. Naturais de Paranavaí, o duo é formado por Luana Santana (bateria, sintetizadores e vocal) e Hugo Ubaldo (vocal e guitarra) e tem dois discos completos em seu currículo. O mais recente é “Se7e Sonhos”, lançado no dia 30 de abril, dois anos após o seu sucessor “As Pessoas & As Cidades”.
Se o primeiro álbum tem uma boa dose do Soft Rock e Psicodelia da década de 70, o mais recente disco é mais eletrônico com os dois explorando e incrementando diversas camadas de sintetizadores em sua sonoridade; ideia apoiada e reforçada pelo trabalho do produtor Felipe Scalone (guitarrista e vocalista do Cyanish, que esteve entre Os Melhores do Ano de 2022, com o álbum “Amber”).
Como eu comentei na resenha do “Se7es Sonhos”, os novos caminhos do 43duo não foram revelados de forma abrupta. “Cogu”, faixa de abertura, funciona como uma espécie de transição entre o antes e o agora, revelando aos poucos toda a experimentação de Luana e Hugo com os sintetizadores; enquanto “Me7ade” (a terceira faixa) puxa a memória mais nítida sobre a conexão da banda com a natureza – seja pelo belo videoclipe, dirigido por Paulo Doi (Cyanish), ou pela sua letra (“Viajamos aos montes/ Estradas sem fim/ Portas de horizonte/ Uma janela nas nuvens”). Neste meio há a impactante (ela ainda segue sendo para mim) “Entrega”, cheias de camadas de sinths etéreos, revelando o salto que “Se7e Sonhos” significou.
E a intensa dose de experimentalismo eletrônico são a tônica das faixas “Dagua”, “Marquise” e “Tardinha”, cujas guitarras e baterias ficam (por vezes) em segundo plano. “Marquise”, a propósito, é o empreendimento mais experimental de “Se7e Sonhos”, sendo única em sua carreira (como Hugo comentou), até pelo fato da letra ser um poema – criado pelo vocalista – e declamado por Luana. A viagem pelos sinths segue em “Tardinha”, cujo início nos faz imaginar que a faixa será uma grande balada; porém ela estabelece um diálogo com “As Pessoas & As Cidades”, mostrando como o novo álbum não se distanciou da sua essência por decidir apostar numa nova abordagem. Curiosamente, o fim é o início, com “Morada” – um belo Blues – sendo um som mais orgânico.
O segundo álbum de inéditas do 43duo é quando Luana e Hugo decidem explorar novas alternativas para o seu caminho, que vem sendo trilhado desde 2020 (ano da sua criação), sem tirar a sua direção do foco: os dois, a vida, a natureza…
O 43duo está entre Os Melhores do Ano do Um Outro Lado da Música!