Atualizado em: abril 16, 2024 às 7:47 am
Por Guilherme Costa
Natural de Uberlândia, Minas Gerais, Ana Zumpano ficou em evidência na cena underground brasileira com a banda Lava Divers, com a qual gravou o EP autointitulado lançado em 2015, o disco de estúdio “Plush” e o single, “Another Day” – marcando a despedida da baterista e vocalista do grupo.
Vivendo em São Paulo desde 2018, Zumpano – que já integrava a formação ao vivo do Antiprisma – formou o Echo Upstairs em conjunto com o guitarrista Gilbert Spaceh (R.I.P), o baterista Mauro Terra e o baixista Bigu Medina. O lançamento dos singles “Green Quartz” e “Clouds”, ambos em 2020, teve um sentimento de frustação com a pandemia da COVID-19, afetando o mundo (e o mundo das artes) de maneira contundente.
Passado a pandemia, Ana Zumpano formou a Retrato -onde assume o vocal e a bateria – ao lado do músico Beaau Gomes (que passou a integrar o Echo Upstairs e a formação ao vivo do Antiprima), e retomou as atividades do Echo. No ano passado, veio um lançamento em dose dupla com o disco de estreia da Retrato “O Enigma de Um Dia” e o EP do Echo Upstairs, “Il Mondo”.
Ana Zumpano é a personagem do 5 Perguntas do mês de abril, do Um Outro Lado da Música!
Começando do começo: quais são as suas influências na música, tanto com base nas suas bandas como outros estilos “diferentes”?
Eu gosto muito de Shoegaze, Dream Pop, Psicodelia, Grunge, Punk Rock, Pós Punk… mas eu escuto muito Jazz e música brasileira. Amo o clube da esquina e bandas nacionais obscuras do início dos anos 70, [e] um dos meus discos preferidos e que muito me influencia se chama “Nascimento” de uma banda daqui de São Paulo que se chama “Perfume azul do sol”. Essa banda é cheia de mistério, dizem que eles se apresentaram uma vez só ao vivo na TV Cultura, mas esse registro se perdeu no tempo. Psicodelia brasileira da boa. Na época saíram pouquíssimas cópias do disco em vinil então era muito difícil de encontrar, acho que em 2017 finalmente foi feito uma nova tiragem e assim eu pude ganhar e ter na minha coleção esse disco que é um dos mais especiais pra mim.
Como você se sentiu no ano passado com os lançamentos do disco de estreia da Retrato e do EP do Echo Upstairs?
Ano passado foi de muito trabalho e também muita realização. O EP da Echo Upstairs era um sonho que eu vinha tentando realizar desde a pandemia, quando as gravações ficaram paradas no tempo. Foi difícil por vários fatores, acabei assumindo a reta final de gravação e produção do disco ao lado do Beeau Gomez, então lançar finalmente foi libertador.
A Midsummer Madness é o selo que nos acompanha desde o início da banda e após o lançamento do EP “Il Mondo” o selo americano Gezellig Records fez a primeira tiragem física em fita k7, uma alegria enorme.
O disco da Retrato foi também um grande marco na minha carreira, produzi ele com o Beeau durante um ano em que compomos, ensaiamos e gravamos as músicas. Fizemos tudo do início ao fim, as artes, os videoclipes. É muito satisfatório ver o resultado disso nascendo pro mundo. Lançamos pela Transfusão Noise Records, um selo que acompanho pelo menos por 10 anos. Tudo do “Enigma de um dia” saiu exatamente ou quase (risos) planejamos. Isso é maravilhoso. A repercussão me deixa muito animada, é incrível como o som se comunica com as pessoas.
Há uma diferença entre os dois primeiros singles lançados pelo Echo, com as faixas do “Il Mondo” que, para mim, tem influências do Dry Cleaning e Primal Scream (da fase pré “Screamadelica”). Isso já estava programado ou é fruto de uma nova perspectiva da sonoridade do grupo?
Nada programado. Tivemos que interromper a gravação do EP por conta da pandemia, isso fez com que no período de confinamento eu começasse a produzir e gravar algumas coisas sozinha em casa. Daí surgiram os dois primeiros singles, que se diferem um pouco do que estava sendo feito com a banda. Depois quando revisitei as músicas do EP para finalmente finalizá-las, estava em outro momento, inclusive ouvindo muito Dry Cleaning. “Screamadelica” é um álbum icônico que mudou a cara do rock britânico, ouvi muito sim, com certeza é referência de coisas que eu crio.
Como foi o planejamento dos shows da Retrato antes do lançamento do álbum “O Enigma De Um Dia”? Vocês já tinham definido as músicas que seriam executadas para testar o público?
Antes mesmo de lançar o disco a gente já vinha tocando ao vivo algumas vezes. A gente optou por não tocar o álbum na íntegra pós lançamento. Gostamos muito da liberdade de tocar uma música nova ao vivo e sentir a resposta do público, acho que assim que a música vai tomando forma e chegando no seu melhor formato. Desde o início dos shows tocamos músicas que são do “Enigma de um dia” e novas canções que vão entrando no repertório e que serão gravadas num futuro próximo.
Olhando para o futuro, qual dos seus projetos está mais próximo de uma continuidade em 2024? Além dos shows, haverá algum lançamento de inéditas ou algum novo projeto?
Todos! Ultimamente tenho a Echo Upstairs, a Retrato e toco com o Antiprisma que está prestes a lançar um grande disco.
A Retrato já tem um novo álbum praticamente gravado, ainda falta gravar coisa ou outra, mixar, pensar nas artes, mas acredito que se tudo correr bem, no início de 2025 sai mais um disco. Por agora, vamos trabalhar bastante o álbum e temos planos de tocar fora do Brasil no segundo semestre.
Já com a Echo Upstairs estamos prestes a gravar o disco cheio da banda. Iniciei o processo de gravação e até o meio do ano teremos um disco novo lançado. 8 músicas até o momento, vamos ver se sai algo mais do estúdio. Tenho umas músicas que não se encaixam exatamente em nenhum dos meus projetos, mas acho que preciso de um tempo maior para gravá-las, quem sabe ano que vem sai algo solo por aí!