Atualizado em: maio 7, 2024 às 6:59 am

Por Guilherme Costa

O In The Rosemary Dreams é um trio oriundo da cidade de Piraquara, Paraná, cuja sonoridade percorre entre o Rock Alternativo, Pós Punk, Noise Rock, Industrial e Stoner. Por trás dos vocais viscerais do grupo, Anderson Lima é um dos fatores para a atmosfera pesada e até sombria que a banda criou no EP de 2019, “ITRD”, e no recente álbum de estúdio (que esteve entre os Melhores do Ano de 2023 do Um Outro Lado da Música) “Day After Night Before”.

Entre o lançamento do EP e do álbum de inéditas, o ITRD também lançou os singles “Death United Us” (2020), “Pure Sacrifice” (2021) e “Teleincision” (2022). O ano de 2023 também marcou o lançamento dos singles “Voices” e “The Rebirth of the Earth”, do seu projeto Interser. Aqui, a poderosa voz do Anderson é acompanhada apenas de um violão, fruto da parceria com Michael Vedoveli, numa sonoridade mais acústica (porém tão densa quanto o ITRD).

Com o baterista Rodrigo Lima se juntando à banda – completada pelo baixista, César Matos – o ano de 2024 do In The Rosemary Dreams já rendeu um videoclipe do single “Digital Jesus”, lançado no mês passado, e datas para uma turnê pelo sul do país. Por aqui, Anderson Lima é o personagem de maio do 5 Perguntas!

*Como o site é meu, e eu faço o que bem entender, o 5 Perguntas de maio terá seis perguntas (risos)!

Imagem do vocalista e guitarrista do In The Rosemary Dreams, Anderson Lima

Entre os estilos do In The Rosemary Dreams, creio que o Stoner, Pós Punk e Industrial são os mais nítidos. Mas para você, qual é a principal (ou as principais) influência/ referência da banda?

Primeiramente, muito obrigado pelo convite. É uma honra dar uma entrevista para um canal tão fundamental como “Um outro lado da música”! As influências/referências da ITRD de uma forma bem simples e resumida, seria o Queens of the Stone Age. Eu acho muito interessante como o Josh Homme praticamente criou um estilo próprio a partir do Stoner rock. E eu sinto exatamente a fusão dos estilos que você citou na obra dele. E transportar isso para a ITRD foi algo bem natural, afinal são gêneros musicais que sempre foram muito presentes na minha vida. Mas além do Qotsa, eu poderia mencionar: Television, Black Sabbath, NIN [Nine Inch Nails], Talking Heads, King Crimson.

No final do ano passado você lançou dois singles com o seu projeto, Interser, cujas faixas são acústicas. Qual foi a ideia por trás do projeto? Há alguma previsão de um próximo lançamento?

A ideia surgiu em 2020, na pandemia. No mesmo período em que lancei “Death United Us” com a ITRD. Quando mostrei essa música para meu amigo de longa data Michael Vedoveli (que morava em SP na época) ele me enviou algumas composições instrumentais para eu compor as linhas de voz e letra nas músicas. E acabamos chegando naquele resultado. Elas estavam engavetadas desde então. E no final do ano passado decidimos lançar e batizamos o projeto de “Interser”. Já temos algumas composições em andamento sim, acredito que nos próximos meses já temos algumas novidades.

Qual foi o motivo da saída do baterista Alexander Medina? E como foi o entrosamento com o novo baterista, Rodrigo Lima (inclusive nesses shows recentes)?

A saída do Alexander se deu a um “erro” cometido por ele em sua vida pessoal, que eu não poderia admitir. Assim que fiquei sabendo da situação, imediatamente, fiz o desligamento dele da banda. Por questões jurídicas, infelizmente não posso dar mais detalhes. Eu já trabalho com o Rodrigo na banda “Calamari Hightrip” (na qual eu faço os vocais) então o entrosamento foi bem natural. Ele trouxe uma energia visceral pra banda, adicionando mais peso as músicas e estou muito feliz com o resultado. Além de ser um baterista excelente é uma pessoa maravilhosa. Nos shows, sempre rola aquela ansiedade e nervosismo, mas é algo muito saudável e divertido. Eu só tenho a agradecer ele pela sua dedicação e comprometimento.

Ouvindo o EP de 2019, ITRD, eu percebi que a sonoridade estava próxima do rock alternativo dos anos 90. Como foi a evolução para a sonoridade do “Day After Night Before”, e como os singles lançados neste meio tempos foram importantes para essa transição e maturidade sonora do grupo?

Realmente, o nosso primeiro EP tinha uma ideia estética e de sonoridade diferente da qual abordamos no disco mais recente. Acredito que muito pela nossa percepção sobre o que estávamos nos propondo a fazer, mas também se dá pelo fato de que, como sou eu quem produzo as músicas (captação, mixagem, masterização e etc), na época da gravação do EP havia uma estrutura um pouco mais precária (a gravação foi feita apenas com 2 canais) além da minha limitação com a experiência em processo de mixagem. Os singles posteriores (“Pure Sacrifice”, “Teleincision” e Death United Us”) tiveram a mesma estrutura de equipamentos, mas aqui eu já tinha mais segurança no processo de produção, além de termos uma visão artística mais clara do que estávamos fazendo . Para “Day After Night Before” nós já tínhamos equipamentos melhores para a captação, o que tornou o processo um pouco mais preciso, mas também mais trabalhoso, porque são muitas coisas acontecendo ao mesmo tempo que precisam se encaixar.

Mas de uma forma resumida, eu vejo que isso foi um processo natural de evolução e aprendizado, que pode ser acompanhado na linha do tempo dos nossos lançamentos. E confesso que a produção musical é uma coisa que me diverte bastante.

Como foi o processo de composição do “Day Night After Before”? Todas as faixas foram criadas especificamente para o novo disco, ou houve alguma faixa pronta (ou quase pronta) que foi aproveitada e aperfeiçoada para o disco?

A maioria das faixas já estavam bem definidas antes da gravação. Alguns ajustes de arranjos de voz e instrumental foram feitos no estúdio, mas nada muito drástico. Três das oito músicas eram músicas mais novas (“Hate the Hit”, “Why do you feel so tired?” e “The Wave”), que inclusive, foram gravadas de forma diferente nas seções. Cinco delas eu fiz guias (pré produção) para gravar posteriormente, as outras, gravamos parte do instrumental ao vivo.

Há alguma previsão de uma turnê ou alguns shows por outras regiões do Brasil?

Uma turnê é algo que está em nossos planos sim. Temos uma agenda em Curitiba e região até final de maio. Mas em junho vamos para Florianópolis-SC para um único show, depois voltamos para Curitiba para mais algumas apresentações e estamos negociando algumas datas em São Paulo para final de junho ou início de julho. Estamos bem empolgados com tudo que está acontecendo e esperamos.