Atualizado em: novembro 18, 2024 às 10:21 am

Por Guilherme Costa

Após o lançamento do décimo primeiro álbum de estúdio do Primal Scream, “Chaosmosis”, a banda escocesa liderada por Bobby Gillespie pouco material inédito produziu. Isso não quer dizer que o grupo ficou inerte neste período! Eles lançaram a coletânea “Maximum Rock’n’Roll: The Singles”, “The Screamadelica 12″ Singles”, em comemoração do trigésimo aniversário do icônico disco, a parceria entre Gillespie e Jehnny Beth (Savages), que rendeu o álbum “Utopian Ashes”, além da biografia do líder da banda “Tenement Kid”.

O momento de um novo álbum de inéditas havia chegado, e “Come Ahead” foi anunciado para o dia 8 de novembro:

“Estou muito animado com este álbum, de uma forma que você estaria fazendo seu primeiro disco. Se houvesse um tema geral para ‘Come Ahead’, poderia ser um de conflito, seja interno ou externo. Há também um fio de compaixão percorrendo o álbum. O título é um termo de Glasgow. Se alguém ameaça lutar com você, você diz, ‘venha na frente!’ É um perfume do espírito indomável do Glasgowian, e o álbum em si compartilha essa atitude agressiva e confiança. Eles têm uma palavra para isso lá em cima. ‘Come Ahead’ é um título bem atrevido também.” Comentou Bobby Gillespie.

E o dia 8 de novembro chegou!

Embora eu conheça a banda desde a minha adolescência (por volta de 2007), eu só virei fã do grupo recentemente (creio que este seja o primeiro lançamento que eu acompanho “in loco”). “Come Ahead” foi bem promovido, com boas prévias sendo liberadas até o seu lançamento, via BMG. E são duas das quatro prévias que abre o álbum. O Soul/ Funk domina “Ready To Go Home” e “Love Insurrection”, com uma bela linha de baixo e vocais gospels, fugindo do som eletrônico do seu antecessor.

A sequência do álbum é bem volátil (embora eu sempre enxerguei isso na discografia do Primal): Eles oferece um lugar entre “Screamadelica” e “Vanishing Point” (ou talvez em algo próximo do Happy Mondays), com a faixa “Heal Yourself”;  uma influência de Massive Attack em “Innocent Money”; uma certa dose de Blues em “Melancholy Man”, com direito a solo de Saxofone (inclusive, sempre tem uma faixa dessa nos álbuns do Primal Scream: “(I’m Gonna) Cry Myself Blind” e “Damaged”, por exemplo); e a pesada “Love Ain’t Enough” – com Andrew Innes finalmente dando o ar da graça. “Circus of Life” leva o disco de novo para o Funk.

Um dos danos colaterais da internet é o culto ao passado, em prol de um presente ignorado e subjugado. Eu não escrevi tudo isso para dizer que “Come Ahead” está no nível de “Screamadelica” ou “XTRMNTR”. Porém a nova aventura dos veteranos do Primal Scream diz, além do cunho político presente em sua carreira, que eles podem fazer um álbum que não soe no automático.