Atualizado em: dezembro 9, 2024 às 10:21 am
Por Guilherme Costa
Uma das coisas mais interessantes que o mundo da internet trouxe para o da música é o fato de não tornar tão único o momento em que você conhece um artista, devido ao acesso e consumo deliberados à arte. Contudo, uma vez que a música de um dos tantos artistas que podemos conhecer em um só dia nos chama a atenção, a nossa postura muda de forma significativa.
E foi assim com o Sourface! Provavelmente eu os conheci em 2022, e os EPs “Daytime’s Past” e “Sourface” logo tornaram parte da minha biblioteca do Spotify, com o seu “Indie ensolarado” tendo influências também do Neo Soul e do Jazz. Bom, o álbum de estreia “The Eternal Summer” foi lançado em 22 de março deste ano, via Bossil Corp, ganhando outros elementos em seu debut.
Com partes em inglês e francês, “The Eternal Summer” mostra o quarteto formado por Ludo Aslangul (vocal), Alex Brunstein (baixo), Matt Isles (teclado) e Tom Waldron (bateria) comprometido, conceitualmente, a trazer o verão de volta ao universo numa luta contra o maligno Rei Lagarto. E a busca passa por momentos familiares no qual a sonoridade dos primeiros EPs dão as caras, como em “Solaire” e “Bed Bugs” – cujo início tem uma certa brasilidade; sim, eles já mencionaram o apreço por nossa Bossa Nova.
Mas a ideia pelo qual o disco de estreia do Sourface passa é que a busca pelo ‘verão eterno’ não iria acontecer sem que eles deixassem a sua zona de conforto. E é aí que “The Eternal Summer” soa tão rico para os antigos e novos fãs. Se “Lizard King” é pesada, com um belo riff de guitarra; “Careless Love” e “Now and Then” aparecem como um número teatral, lembrando os tradicionais cabarés franceses (ou Broadway); no meio do caminho há o Eletro Funk de “JMFC”, a evocação do Talking Heads em “Hello Tomorrow” e a Jazzística “Sonny”, revelando toda a gama criativa do quarteto.
O Neo Soul da banda ganhou outros contornos para o seu álbum de estreia. Pensando aqui, a luta pelo verão eterno também pode sintetizar o desafio da criação do disco de estreia, após dois EPs que definiram muito bem a sua sonoridade. Como sair da mesmice, sem se tornar outra banda? Em “The Eternal Summer” a saída foi derrotando o maquiavélico Rei Lagarto!
O Sourface está entre os Melhores do Ano do Um Outro Lado da Música!