Atualizado em: julho 1, 2025 às 8:46 am

Por Guilherme Costa

Em abril deste ano, a banda A Virgo lançou o single “e já passou da hora” — a segunda prévia do então próximo disco de inéditas —, em que eu pensei “ok, descobri uma banda interessante de Indie Rock/Neo Soul”. Mas o álbum, “dois verões ou a viagem de sífero” é muito mais do que o “Indie rock safado” que o grupo de Novo Hamburgo (RS) se autointitula.

Lançado no dia 9 de maio, cinco anos após o seu antecessor “Sofá 7”, Rafael Decarli, Victor Tavares, Guilherme Moraes e Patrick Bruxel, elevaram a sonoridade ora psicodélica ora Neo Soul para uma dimensão mais etérea e grandiosa.

O disco, entretanto, inicia num campo comum com a faixa “eu sei (nada vai mudar)”. Baseada em texturas de sintetizadores e no groove de baixo e guitarra, a faixa ainda entrega uma dose de psicodelia, mas está muito mais próxima dos primeiros trabalhos. A dose é repetida na faixa “e já passou da hora” que, assim como a música citada anteriormente, também foi um dos singles promocionais do álbum. E não é por menos, já que as duas são as amostras mais pops do “dois verões ou a viagem de sífero)”, te transportando automaticamente para a pista de dança. Aqui, eu concordo com o grupo e também digo que as duas músicas é um “indie rock safado”!

Entre os dois singles promocionais está a faixa-título, “a viagem de sífero”, que se desliga totalmente dos singles promocionais. Ela é psicodélica, é jazz, é soft rock e é um pouco estranha também (o que é um tempero!). Entre a bateria de jazz e o teclado meio progressivo/ psicodélico, o quarteto entrou no modo jam para construir a faixa, cuja letra soa tão misteriosa quanto o título “Supernova informativa/ Eu vou correr/ Sete em ponto/ Um trecho e um tranco/ Eu vou correr/ Ciclos voam/ Passam lento/ Eu vou correr/ Chá de boldo/ Um terço e um tanto/ A percorrer/ (Sete em ponto um trecho e um tranco eu vou correr)”.

Duas músicas e dois universos diferentes. E é assim no decorrer do álbum, que passa pela melancolia de autoconsolo do Blues/ Soul de “não conte comigo”, a atmosférica e nostálgica “álamo”; (mais) psicodelia em “ao vivo na oma”; o reggae em “av. paraguassú”; o ‘Space Indie’ do Beach House em “mergulho à vida” e o Drum-and-Bossa-fusion da arrojada “fim dos tempos”, que conta com a participação de Zilladxg. Sempre com um som expansivo e profundo!

Versátil e (sempre) grandioso, “dois verões ou a viagem de sífero” é daqueles discos que te surpreende a cada nota e te transporta para os seus respectivos universos.