Atualizado em: novembro 27, 2025 às 8:50 am

Por Guilherme Costa

Num país de dimensões continentais como o Brasil, é difícil pensar no consumo integrado da cultura nacional. Olhando para os festivais de música que ocorrem no país, independentemente do gênero em que ele é focado, apenas os grandes eventos têm ampla cobertura da mídia e adesão do público (Rock in Rio, The Town, Lollapalooza e etc.). Mas há quem está ligado — porque a informação não está escondida — e tem o conhecimento de outros grandes eventos que movimentam outras cidades para além de São Paulo e Rio de Janeiro: cito, então, o Tudo é Jazz (MG), Morrostock (RS), Psicodália (RS), Se Rasgum (PA) e o Festival DoSol (RN).

Com mais de vinte anos de existência, o Festival DoSol — Patrimônio Cultural e Imaterial do RN pela Lei n° 12.075/2025 — movimenta a cidade de Natal durante o mês de novembro, sempre com muitas atrações do underground nacional (não apenas focando no Rock). Para este ano de 2025, o festival expande para outras quatro cidades do estado (Mossoró, Caicó, Assu e Currais Novos) com atrações gratuitas.

“Incluir o interior do RN na nossa agenda é sempre um desafio, mas é algo que não abrimos mão porque nos traz muita alegria espalhar ações culturais por várias localidades. Sabemos da importância de ir além dos grandes centros, por isso não vemos a hora de pegar a estrada e fazer isso acontecer”. Comentou a organizadora do DoSol, Ana Morena, no site oficial do festival.

Já rolando desde o último dia 13, o próximo final de semana marcará o encerramento da histórica edição de um dos festivais mais importantes do país. Entre as atrações (que conta, entre outros, com o Mukeka di Rato, Terraplana, Rancore, Terno Rei e Octopoulpe, da Coreia do Sul), o Kobracaio e Os Vida Cobra irá se apresentar no Palco Blackout nesta sexta-feira (28).

Caiasso, o vocalista da banda, comentou um pouco sobre a participação do festival e alguns outros detalhes da turnê do novo álbum de inéditas da banda, “Superficial”.

Confira:

Foto por @mvlosofoto

Nesses anos pós pandemia, o público brasileiro tem tido muitas opções de festivais mainstream, entre os que sobreviveram e os que duraram uma ou duas edições. O DoSol é um dos grandes festivais underground, que sobrevive e se fortalece com o tempo. Qual foi o sentimento após o convite para tocar com o Kobracaio no festival?

É a realização de um trabalho que tem sido feito com muito planejamento e cuidado, eu sempre tive o sonho de tocar no festival DoSol, todos os meus amigos que já tocaram lá falaram que é maravilhoso e incrível. Obrigado, Ana Moreno e Yves pela confiança e reconhecimento! Vou adorar conhecer Natal! Tamo com gravadora independente, a Forever Vacation, do capilasso [Alexandre Capilé], no meio de um monte de gente grande e na raça, a real que eu tô fazendo um trabalho fora da internet tem pelo menos duas décadas e o resultado disso tá vindo só agora pra vocês hahahha, a postura do It yourself e menos conteúdo foi a que eu adotei neste segundo disco que tá mais punk e hardcore que o primeiro e a tendência é que os próximos trabalhos venham mais assim. Voltar às raízes. É isso que eu busco, me conectar com a rua e o público e o DoSol é mais um jogo desse campeonato! Um jogaço! Quem for vai curtir com a gente de verdade!

O Kobracaio irá tocar com outras quatro bandas no dia 28. Você conhece alguma dessas bandas? E, de todo o festival, quais outros shows você está na expectativa para ver?

Mano, algumas eu já conhecia outras eu escutei pra me inteirar no que tava rolando! Me amarrei em tudo, mas a real que eu curti muito mesmo a banda Zepelim e o Sopro do Cão, que vai tocar no dia 29 — tô afim de escutar. Eu tô numa fase ouvinte de Raimundos (por favor não me cancelem eu sou a favor da prisão do boZonazi), mas é porque Raimundos me remete muito a minha infância com meu irmão mais novo, quando a gente ficava tocando airguitar [guitarra imaginária] se imaginando nos “palcão” da vida! Coisa de moleque… Também é bom pra treinar na academia! Assim como Oasis! Então eu tô curioso pra ver o Zepelim porque tem essa parada lá de Brasília mas com um papo daora sem ser clube do bolinha ao extremo!

E em Brasília, a sua terra natal, rolou o BSB Punk Fest. O quanto você pensa que o festival conseguiu movimentar a cena local?

Gui, eu juntei com o Cezar Degraf esse ano e a gente decidiu fazer esse festival com o pessoal da infinu, o Miguel e o Fábio, galera gente fina abraçaram a nossa ideia. O resultado foi positivo e a nossa ideia agora é revitalizar a cena underground da nossa cidade. Já tô juntando com uma galera que tocou com a gente no festival e vamos preparar muitos eventos legais pro pessoal, agora em dezembro já vai ter o Aditive, no dia 6/12. Um showzasso histórico que o Kobracaio também irá tocar! E agora tão somando mais bandas no nosso rolê pra ajudar a produzir essa cena em Brasília. Quem vai somar pra produzir com a gente o BSB punk Fest de 2026 é o João Ramos, da Caos Lúdico, e o Gus de Bem, da Dennehy, duas” bandassas” que tem tudo pra explodir nacionalmente e que agora fazem parte do selo que iremos lançar ano que vem aqui na nossa cidade!

2025 está chegando ao fim Já existem planos para os primeiros shows de 2026, na turnê do “Superficial”?

[O] primeiro show de 2026 vai ser com Garage Fuzz, em Brasília no dia 7/2. O plano é a banda dar uma parada depois pra gravar um single e eu produzir as outras bandas do selo brasiliense que vamos lançar para unir a cena como um todo! Vai ser um trabalho que será feito com muito cuidado e carinho, eu acho que pode rolar mais alguns shows fora de Brasília ainda no primeiro semestre de 2026!