Atualizado em: dezembro 15, 2025 às 8:34 am
Por Guilherme Costa
No dia 7 de novembro, a cantora amazonense Corama lançou o seu disco de estreia (“Quem melhor que eu?”) em todas as plataformas de streaming. O trabalho, cuja produção ficou à cargo de Yasmin Moura e Roberto Freire, tem pouco mais de 21 minutos e conta com a participação especial de Matheus Who na faixa “se você não quer desaparecer”.
“Acho que a gente passa tanto tempo tentando entender o amor pelos olhos dos outros que esquece de olhar pra dentro. Esse álbum é sobre isso: se permitir amar sem medo, sem precisar esconder ou se apoiar em metáforas. É ter coragem. É sobre ser mulher e entender que tudo bem sentir algo por outra mulher. Acho que amadureci muito quando percebi o quanto eu finalmente conseguia expor e compreender o que sentia”. Compartilhou a cantora, em comunicado oficial à imprensa.
Seguindo o tom confessional do EP lançado em 2024 (“será que eh tudo sobre mim?”), Luiza Ribeiro (a Corama) não está nem um pouco tímida em expor os sentimentos. Em seu debut, o foco é contar e cantar sobre as inconveniências e infortúnios do amor. Em “Algumas razões”, por exemplo, ela canta: “vou tentar/ me acostumar com a sua ausência/ vou tentar/ não te procurar/ não te procurar mais”.
O álbum abre com uma guitarra ao estilo Two Doors Cinema Club na faixa “dia certo, hora errada”, ao passo que a segunda guitarra se preocupa em criar melodias mais minimalistas. Um Indie (pop) Rock daqueles perfeitos para dançar numa balada — mesmo que a faixa aborde aquele quase amor que não deu certo por alguma situação. As guitarras simples, com o apoio de uma boa base de bateria-baixo, também se destacam na faixa “PRECISO SABER”, cuja letra é bem claro ao mostrar a cantora numa posição em que ela mesma descreve como “sobre estar apaixonada por outra garota, e ter medo disso, e ao mesmo tempo querer gritar pro mundo”.
Embora a atmosfera seja bem dançante durante o álbum, mesmo que obtenha uma contraposição em seu conteúdo lírico, há também espaço para camadas mais densas, sempre apoiada por linhas de synths. Em “resposta”, tal camada é inserida de forma mais comedida, ao contrário de “se você não quer desaparecer” que é cheia de reverbs e emula grandes hinos do Dream Pop. No meio dessas duas faixas, “Contadores de Faixa” tem um ritmo guiado por guitarras e baixo secos.
Ouvir a Corama é como ouvir uma pessoa lendo o seu próprio diário, sem espaços para metáforas ou jogos de palavras. O seu desabafo é claro, como bom as suas cicatrizes e desejos. Se o EP “não eh tudo (só) sobre mim” — lançado no início do ano — foi tratado como um ponto de virada, o seu disco de estreia é a afirmação da sua nova fase.
A Corama está entre os Melhores do Ano do Um Outro Lado da Música!