Atualizado em: maio 31, 2024 às 8:25 am

Por Guilherme Costa

No último dia 17, saiu o primeiro disco solo da cantora conhecida pelo seu trabalho com o Portishead, Beth Gibbons. A britânica demorou cerca de dez anos para compor o que resultaria no álbum “Lives Outgrown”, lançado via Domino Recording Company, que aborda temas como maternidade, ansiedade e luto.

“Percebi como era a vida sem esperança e isso foi uma tristeza que nunca senti. As pessoas começaram a morrer. Quando você é jovem, nunca sabe o final. Você pensa: ‘Vamos superar isso, vai melhorar.’ Alguns finais são difíceis de digerir. Agora que saí do outro lado, só acho que você precisa ser corajoso.” Disse Gibbons em comunicado à imprensa.

Sob a produção da própria Gibbons, em parceria com James Ford e Lee Harris, é difícil desconectar o trabalho da sua banda – sobretudo por ser a estreia solo – e em faixas como “Lost Changes” e “Floating On A Moment” (dois singles promocionais), o estilo de canto de Gibbons e os seus respectivos arranjos poderiam facilmente ganhar uma roupagem Lo Fi para fazer parte de algum lançamento do Portishead. Mas o álbum não durou dez anos para ser concluído, para ser apenas comparado com algo que os ícones do Trip Hop poderiam criar.

“Tell Me Who You Are Today”, faixa que abre o disco, é um Folk com bons arranjos de corda que fala sobre o processo de luto (“Se eu pudesse mudar o que sinto/ Se eu pudesse fazer meu corpo curar/ Livre de tudo que ouço por dentro”), combinando com a clássica voz melancólica de Gibbons (que é a tônica do álbum inteiro).

Entre os arranjos refinados e as letras profundamente pessoais, o álbum solo de estreia de Beth Gibbons não surpreende porque todos sabem e reconhecem o talento da musicista. Embora nunca seja desnecessário se surpreender com a genialidade de algum artista.