Atualizado em: abril 22, 2025 às 11:09 am

Por Guilherme Costa

Em julho de 2020 o Naked and Famous lançou o seu quarto disco de estúdio, “Recover”, e não o pôde promover devido a pandemia da COVID-19. A pausa, não apenas da banda neozelandesa como do quase o planeta inteiro, sucedeu o último suspiro dos donos do hit “Young Blood” que, por sua vez, passaram a trabalhar em sua carreira solo.

A vocalista Alisa Xayalith lançou o EP “Superpowers” em 2022, iniciando a sua nova fase artística. No registro, sobretudo com o olhar de 2025, ficou claro que o EP serviu como uma espécie de reconhecimento do oceano em que a cantora viria a mergulhar de cabeça com o seu primeiro álbum de inéditas – embora a faixa “High Fidelity” seja uma bela amostra do debut.

Lançado no dia 4 de abril, via Nettwerk Music, “Slow Crush” começou a ser promovido em agosto de 2024 – mesmo que o anúncio do debut tenha ocorrido bons meses depois – quando Xayalith lançou o single “Roses”: faixa no qual ela comentou que era um exercício de se imaginar “cavando terra, enterrando medos metafóricos, preocupações, problemas, o passado, o que quer que seja no solo e esperando algo bonito crescer em seu lugar, esperando até que ‘tudo esteja dando rosas”. E a rosa floresceu.

Com sete prévias, apenas três músicas foram “descobertas” após o lançamento de “Slow Crush”: “Alone With You”, faixa que abre o disco, “When You Were Mine” e “Romance Is Dead”, que encerra o álbum. Três faixas que completam muito bem o senso Pop imprimido no álbum. O único problema, e essa talvez seja uma discussão maior, é o excesso de prévias liberadas que tirou a experiência de ouvir um álbum novo, reduzindo esta atividade a menos da metade das faixas; mas isso é uma discussão para outro momento.

Na empreitada solo, ao contrário da sua antiga banda, Xayalith foca em menos sintetizadores (embora haja uma coisa ou outra do Beach House, como na já citada “Roses”) e mais em instrumentos orgânicos. Sendo guiada pelas melodias de guitarra, violão e linhas de baixo e bateria, a cantora transborda sobre os seus sentimentos e se sente segura dentro da sua própria música. Em “Ordinary World”, Xayalith canta sobre como o sentimento de vivenciar um amor tranquilo tem o poder de revelar que relações não saudáveis não podem ser um padrão (“Você quebra padrões que eu conheço/ Desculpe se eu agir de forma um pouco confusa”); “Different Light” mostra um ‘Dream Folk Pop’ que a cantora usa para falar de um término de relacionamento; e em “Chaotic” a melodia fofa contrasta com a letra urgente: “Você não sabe que isso seria caótico?/ Caótico/ Se você algum dia, algum dia, parar de me amar/ Eu acho que eu morreria por dentro/ Um pouco de terror sob pressão/ Para dizer o mínimo”.

Diferentemente do seu parceiro de banda, Thom Powers, cuja estreia solo (“A Tyrant Crying In Private”) se direcionou para caminhos mais experimentais e atmosféricos, Alisa Xayalith encontrou boa e belas melodias pop para abrir o seu coração e transformar tudo em música.