Atualizado em: novembro 20, 2025 às 8:53 am
Por Guilherme Costa
Na metade dos anos 90, o Punk/ Hardcore ganharam representantes cuja sonoridade era mais acessível para o público geral. Capitaneado pelo Green Day e Offspring (pós “Smash”), o Pop Punk virou uma febre nos Estados Unidos e, consequentemente, no planeta. O auge veio com o Blink 182 (sendo seguidas por outras bandas, como o Sum 41 e New Found Glory), introduzindo uma geração ao estilo (e ao rock, em geral), com o seu som despojado e cômico. Na segunda metade da primeira década dos anos 2000, o estilo — ainda em alta — se fundiu com o Emo Rock, jogando bandas como o Paramore, Yellowcard, My Chemical Romance, Fall Out Boys, e tantos outros grupos no mesmo balaio.
Já na segunda década do século, o estilo foi perdendo um pouco o espaço no mainstream — como o rock em geral — e, assim como eu e outras pessoas cresciam, parecia que o gênero cairia num limbo de novos grupos soando datados. Mas como tudo é renovado, o Pop Punk está de volta à cena para não apenas servir como uma (ótima) porta de entrada da nova geração de roqueiros como também seguir cativando o público que cresceu curtindo “All the Small Things” ou “Misery Business”.
Em meio a esta renovação está o As December Falls — banda formada em Nottingham, Inglaterra —, que no dia 15 de agosto lançou o seu quarto disco de inéditas: “Everything’s on Fire but I’m Fine”.
Apenas dois anos após o lançamento do seu antecessor, “Join the Club”, Bethany Hunter, Ande Hunter, Timmy Francis e Kiaran Hegarty estavam dispostos a sair da zona de conforto e experimentar novas texturas. O resultado foi um álbum que, aliado ao espírito e sonoridade dos seus registros anteriores, soa renovado, moderno e pesado.
O interlude de “Burn It All Down” dá o pontapé inicial no álbum, cheio de camadas eletrônicas (já indicando a tônica do álbum) e é emendada no baixo pulsante da faixa-título, que não segue a expectativa criada com o faixa anterior sendo mais rock do que pop. Aliás, por falar em Pop, as camadas pops presentes em “Everything’s on Fire but I’m Fine” estão muito bem amarradas com a atmosfera e temática do disco; “Ready Set Go”, cheio de texturas sintéticas ácidas, “Flor The Plot”, típico hit da MTV, a curta (neste caso, um ponto negativo para o grupo) balada “Rewrite” e a Paramore “I Can’t Relate”, estão longe de soarem deslocadas ou forçadas.
Mas o grande ponto do álbum é como o As December Falls consegue aliar as — já consolidadas — camadas eletrônicas com as guitarras pesadas de Ande Hunter, sem ser repetitivas. Temos, portanto, “Therapy”, que inicia com guitarra, bateria e baixo sobrepujando os efeitos eletrônicos e, pouco tempo depois, uma partilha entre os protagonismo da parte rítmica em “Fall Apart” e “Bathroom Floor”. Já “Angry Cry” é marcada por uma base groovada, um riff cadenciado e um refrão típico para pular enquanto é cantado. Nada menos Pop Punk!
A voz de Bethany Hunter está melhor do que nunca e comanda o clima do disco, que aborda temas como decepções amorosas, vulnerabilidades e sentimentos autodestrutivos.
Assim como o Hard Rock farofa teve o seu colossal auge na década de 80, uma queda tão grande quanto na década seguinte e deixando de ser cafona no início dos anos 2000, o Pop Punk vem mostrando que o atual ciclo é o de surgimento de novas bandas e uma construção sólida de uma base de fãs. Se você, seja velhote (como eu) ou novo, gosta do estilo, o novo disco do As December Falls será uma grande e grata escolha.