Atualizado em: novembro 13, 2025 às 9:34 am

Por Guilherme Costa

Eu soube da existência da Budang, quando a banda lançou o Split (intitulado “Split”) em conjunto com o Jovens Ateus no ano passado. Mas foi apenas quando o quarteto catarinense liberou os singles “Magia” e “Budangól” — prévias do seu disco de estreia — que eu (felizmente) conheci o som dos caras. E que som!

Formado por Guilherme Larsen Güths (voz), Vinícius Lunardi (guitarra), Pedro Sabino (baixo) e Felipe Royg (bateria), a Bundang já era conhecida do circuito underground, tendo lançado três EPs (不当”, “Vendo Clio 2009, Prata 4 Portas!!” e “Astrologia, Destino & Salmos”), alguns singles e o Split já citado. Mas com o lançamento do disco de estreia, “Magia”, o grupo deu um grande passo para conquistar (e bagunçar) o mundo.

Lançado no dia 10 de outubro, via Deck, o disco — além do salto na qualidade da produção, que ficou à cargo de Rafael Ramos —, em seus pouco mais de 31 minutos, passa pelo Hardcore, Punk Rock e Crossover. Aliás, são meia hora de disco, que renderam dezesseis faixas, sendo que a mais longa tem 3 minutos e 14 segundos; o álbum é praticamente uma jam (bem pesada)!

“Mágica” abre o álbum com um riff de guitarra que segue a linha de algumas músicas do novo álbum da Eskrota (criadas pela intensa Yasmin Amaral), já demonstrando que é necessário prestar a atenção nas letras porque: 1; elas são carregadas de gírias locais (“queish?”, “feisóvemintaopégah!”…), 2; elas são tão viscerais quanto o som (Vou te ligar no domingo/ te perguntar sobre a laje/ tá bem escorada/ e mais tarde vais me mandar o relatório?/ segundinha, no escritório/ tem que tá na mão seu otário/ se achas ruim essa é a porta/ vais sem acordo, és PJ”). Tantas coisas em um minuto e 35 segundos.

Embora as músicas sejam emendadas umas nas outras, há algumas sequências que se encaixam perfeitamente, soando como se fosse uma única música. Isso ocorre na trinca “Deixa Quieto” (ligada no 220, até que o Budang mostra que também sabe soar mais melódico), “Magia” (que é introduzida com uma simples e bela linha de baixo — nada mais punk que isso) e “Budangól” (cuja frase “caos bem controladin” pode facilmente definir o álbum), que tem um certo groove enquanto o Guilherme não poupa a sua voz.

Como o Budang é uma banda de Punk/ Hardcore, é claro que o conteúdo de cunho político se faz presente na sua temática. Se em alguns títulos, como a já citada “Mágica” e em “Tempinho Bom” (que sobe o tom de deboche de streamings, big techs e seus ecossistemas), não são tão sugestivos, em outros, como em “Bolsonanny”, já sabemos do que se trata. A propósito, “Bolsonanny” fala e debocha do ataque de 8 de janeiro: Bolsonanny pra cuidar/ no palácio do planalto eu vou ter que levar/ pra passear, se pá umas boas palmadinha/ se quebrar algum objeto (CERTO!)/ soltar dejetos (CREDO!) coisa do tipo que só um senil é capaz/ babababádosminion (PM)/ bababababádos minion evangélico, turminha da escolinha de tiro“.

O álbum é encerrado como o cover punk de “1406” (que eu jurava que o título era “Money que é good nóis num have”…), concluindo o primeiro passo da banda para conquistar e, novamente, bagunçar o mundo. O seu Punk/Hardcore, à Mukeka Di Rato, é visceral, arrojado, impactante, debochado e também é groovado!