Atualizado em: novembro 18, 2025 às 8:05 am

Por Guilherme Costa

O CIEL era uma boa banda de Rock Alternativo, que flertava aqui e ali com texturas do Post Punk em seus dois EPs de estreia. Mas quando a dupla, atualmente formada por Michelle Hindriks e Tim Spencer, liberou o single “Call Me Silent”, podemos perceber que a banda havia deixado o flerte de lado para mergulhar nas camadas do som que moldou a década de noventa.

“Call Me Silent” também é o nome do disco de estreia da dupla formada em Brighton, Inglaterra (Hindriks, a principal integrante do duo, é neerlandesa), lançado no dia 24 de outubro, via V2 Records. As guitarras rasgadas do EP anterior, “Rather Be Alone” cederam o espaço para linhas de baixo mais presentes, fortes e pulsantes (como é comum no estilo), e também viram os sintetizadores ganharem mais protagonismo. É assim que a faixa-título e “Won’t Obey” (que habita o mundo do Cure) inauguram o novo registro do duo.

“Minhas composições tendem a ser bastante introspectivas. Isso me acalma, pois sou uma pessoa que pensa demais e analisa situações e os motivos pelos quais as pessoas agem da maneira como agem. Acho que esse meu lado se reflete naturalmente nas minhas letras. Algumas das músicas do álbum são super diretas e muito pessoais. Nelas, frequentemente me questiono: como demonstrar empatia e estar presente para alguém sem que isso me consuma completamente?” Comentou Hindriks, em comunicado à imprensa.

E é essa energia mais introspectiva que o CIEL encontra forças para explodir na faixa “Hear Me Out”, cujo início é uma explosão Noise e que depois volta para as paisagens opacas do Post Punk do álbum. Aqui, o destaque vai para a bateria simples, porém pesada e enérgica de Spencer — sem dúvidas a faixa não seria a mesma sem a sua presença.

O álbum também é marcado pela presença da Darkwave, quando os sintetizadores se tornam o foco principal. Nessa atmosfera um pouco mais sombria, “Will I Ever Feel Again” se torna um dos destaques do álbum, deixando em perspectiva “o retorno às suas emoções após um tempo afastado delas”. Já em “Hold Onto You”, os sintetizadores seguem em destaque, numa roupagem mais próxima do Synthpop dos anos 2000 (Naked and Famous e etc.), criando uma atmosfera que vai crescendo à medida que a bateria de Spencer se torna mais presente.

O CIEL até flerta com a sonoridade dos seus registros anteriores, na faixa “Stay Along/Sail On” — que também lembra os recentes trabalhos do Blood Red Shoes, de Steven Ansell, o produtor do álbum —. Contudo, a regra do disco e da dupla, bastante entrosada (aliás), é a experimentação de texturas do Post Punk/Darkwave. Em sua parte final, “Swallowing Your Pride” e “In Your Heart Again”, alterna entre a sonoridade mais sisuda e crua com camadas eletrônicas, realçando o “compromisso” com a atmosfera estabelecida no disco.

Em “Call Me Silent”, Hindricks e Spencer foram ousados em deixar a roupagem dos trabalhos antecessores para apostar numa nova faceta, logo em seu disco de estreia. Eles obtiveram sucesso em sua empreitada!