Atualizado em: junho 17, 2024 às 7:17 pm

Por Guilherme Costa

A bela Austrália já produziu diversas bandas clássicas, desde as conhecidíssimas AC/DC e INXS (destaque para a Kylie Minogue, também) Silverchair, passando por artistas de médio porte, como o Midnight Oil, Hoodoo Gurus e Jet. Recentemente alguns novos nomes tem se destacado, como a Amyl and The Sniffers, Clamm e o Stonefield embora sem a grandiosidade de outrora (que, convenhamos, já deixou o rock), é fato que a qualidade não se perdeu.

O Hockey Dad também está nesse grupo dos bons novos nomes que o país da Oceania nos apresentou. Com quatro discos de estúdio, um disco ao vivo e um EP no currículo, a dupla formado por Zach Stephenson (guitarrista e vocalista) e o baterista, Billy Fleming, a banda sempre passou uma aura jovial dos circuitos de skate e surf (esportes bastantes usuais na Austrália), com um Indie Punk Rock contundente. Na última sexta-feira (14) foi lançado o quarto álbum de estúdio do duo, “Rebuild Repeat”, via Farmer & the Owl.

Quatro anos após o lançamento do enérgico e envolvente “Brain Candy” em 2020, o grupo foi um dos vários artistas que se viram prejudicados pela pandemia da Covi-19. Bem, eles superaram os obstáculos – inclusive com o lançamento do álbum ao vivo, “Live at the Drive In” – e chegaram mais maduros e mudados para o seu quarto lançamento.

Como o nome bem sugere, houve uma mudança de perspectiva para Stephenson e Fleming, ao passo que a sonoridade de “Repat Rebuild” surge como o amadurecimento da vida adulta (não que antes o som despojado do Hockey Dad fosse próximo do Pop Punk do final dos anos 90), sendo mais reflexiva e contemplativa. “Base Camp”, “Still Here Room”, as duas primeiras faixas do álbum, já mostram como a paisagem passa pelo final da tarde, em como aproveitar a vida após um dia de trabalho (sobretudo na tal “cidade grande”); já “Safety Pin” mostra como a essa sensação de reflexão e contemplação, nem sempre é ensolarada: “parece que estou atrasado de novo/ Correndo através da cobertura colocada à frente/ O peso continua aumentando e estou ficando sem fôlego/ Acho que a queda foi no fim”

A veia punk só dá as caras na quarta faixa do álbum, “Wreck & Ruin”, faixa que relembra os bons momentos do disco antecessor, com uma energia típica das bandas indies mais pesadas (como o The Subways, por exemplo). Mas o revival para por aí, uma vez que a mudança é a lei do álbum. Inclusive, “Seething”, a outra faixa mais pesada do álbum, mostra com sobriedade como a dupla decidiu soar como adultos.

Zach Stephenson definiu o álbum, como “um novo renascimento depois de alguns anos turvos e nebulosos para nós e para todos no mundo”, mostrando como é interessante a reação imprevisível diante de uma adversidade. Se em alguns casos a raiva poderia ser o motor para a recuperação, o Hockey Dad preferiu olhar para dentro de si. Embora eu tenha sentido falta de faixas mais poderosas, como “Running Out” e “In This State”, é impossível não se deixar levar pela proposta do novo álbum ao ouvir “Unhinged” e “Burning Sand”.