Atualizado em: outubro 22, 2025 às 4:16 pm

Por Guilherme Costa

No ano passado, os australianos do Hockey Dad lançaram o seu seu quarto disco de inéditas, “Repeat Rebuild”, via Farmer & the Owl, decidindo soar mais sóbrios (mais sérios, ouso dizer). Pouco mais de um ano depois do seu lançamento, e uma turnê europeia cancelada por questões financeiras, Zach Stephenson (guitarrista e vocalista) e Billy Fleming (baterista) decidiram entrar no estúdio — sozinhos — para produzir o EP “The Clip”, de forma independente.

Era algo que nunca tínhamos feito antes. Trabalhamos com gravadoras em todos os nossos lançamentos, e acho que, como estávamos vindo de um disco completo do ano passado, e este sendo um EP e um lançamento menor, decidimos tentar algo diferente. A oportunidade está aí, então podemos muito bem tentar agora. As coisas estão ficando tão simplificadas que você pode fazer coisas assim sozinho, então pensamos em tentar, e tem sido divertido. Tem sido um processo de aprendizado ver o que realmente acontece ao lançar um disco, e tem sido muito gratificante. Comentou Stephenson para o portal Medium.com

“The Clip”, no geral, deixa de lado o tom ameno do recente disco e volta a ter as guitarras estridentes do Punk/Surf Rock dos primeiros trabalhos da dupla. O EP é iniciado de forma abrupta, com a pesada “Barn Boiler”, cujas guitarras de Stephenson varia entre tons limpos e pesados com um dissonância típica do Noise Rock; Fleming também não poupa energia na faixa. A sequência é a curiosa “All Hat No Cattle”, faixa que foi composta durante uma passagem da dupla por um posto de gasolina:

“Um cara chegou ao posto de gasolina com uma caminhonete Ford do tamanho de um ônibus escolar. Um chapéu de cowboy de tamanho cômico. Calça jeans e botas novinhas direto da caixa. Ouvi uma senhora atrevida resmungar baixinho: ‘Aquele rapaz só usa chapéu e nada de gado’. Eu já tinha ouvido o suficiente”.

Ela é a faixa mais curiosa do registro, por ter uma cadência diferente do que a dupla australiana criou. “All Hat No Cattle” não soa como “Whatever”, por exemplo, tendo um andamento meio psicodélico, fora do convencional; a propósito, Fleming também “empresta” a sua voz na música.

“Lifeline”, “Hole” e “Backyard” caminham entre os discos “Blend Inn” e o “Rebuild Repeat” (sim), carregado de uma sonoridade despojada, cujos refrãos guardam texturas mais amenas. As letras, no entanto, não são nada amenas, com Zach Stephenson cantando sobre as frustrações da vida, como em “Hole”, que guarda os versos: Não tenho medo do meu reflexo/ Eu estarei voltando para o meu buraco/ Nunca estive ciente da minha própria intenção/ Acompanhando enquanto eu vou/ Encontrarei o caminho de volta para casa?”

O “The Clip” é encerrado com a Country “Breakin’ Bottles”, sendo (talvez) o reflexo do empreendimento solo da dupla em estúdio. Independentemente do nível de liberdade que os australianos experimentaram para finalizar o EP, é um consenso que o Hockey Dad soou como Hockey Dad em seu novo lançamento.