Atualizado em: novembro 19, 2025 às 9:43 am
Por Guilherme Costa
É interessante como olhamos (eu me incluo nessa) para os nossos artistas favoritos — ou que gostamos muito —, os colocando num pedestal de mártir do nosso estilo favorito, mal pensando que eles também são pessoas normais com gostos variados (algo extremamente normal). Sequer imaginamos que ser músico é a profissão deles.
Talvez o choque venha quando esse artista decide explorar outros caminhos, nos lembrando de que o mártir está apenas na nossa cabeça (à exceção de alguns que se perdem no personagem… mas isso é outra história). O guitarrista, compositor, cantor, bom… músico, Hugo Mariutti promoveu tal reboliço na mente dos fãs que acompanharam o seu trabalho no Shaman e na carreira solo do André Mattos, logo no seu primeiro disco solo “A Blank Sheet of Paper” (2014), explorando as suas influências no Post Punk e sendo experimental no álbum que vai de Oasis ao Trip Hop da década de noventa.
Onze anos depois, Mariutti segue deixando o Metal de lado, para produzir músicas baseadas em outros gostos musicais!
No dia 5 de setembro, o músico liberou o seu quarto disco solo “This Must Be Wrong”, via For Music, em todas as plataformas de streaming. O álbum, que saiu dois anos após o seu antecessor “Last Dance”, conteve dois singles promocionais (“Heaven” e “Out of Time (You Don’t Know)”) que indicaram a sequência na sonoridade do lançamento de 2023; embora, para o Mariutti, o disco tenha um pouco de tudo da sua carreira solo:
“Esse projeto é uma mistura de todos os meus álbuns, porém sempre tentando trazer algo diferente, seja em ritmos, melodias ou letras. Também acho que o trabalho de voz desse disco foi outra coisa que tive que treinar bastante, pois em algumas músicas não quis baixar os tons originais para não perder o clima, e isso exigiu bastante treino. Acho, sem dúvidas, meu projeto mais completo e com as melhores letras que escrevi” Declarou o guitarrista em comunicado à imprensa.
Contando com o apoio de camadas eletrônicas, o novo álbum do Hugo soa como os grandes nomes do Post Punk tentando se adequar ao século 21. Nessa mistura entre sintetizador e guitarras suaves, “Heaven” abre o álbum com referências ao Echo & The Bunnymen e é seguido por “Out of Time (You Don’t Know)” — a minha favorita do disco!
Após a introdução com as duas faixas já conhecidas do álbum, a faixa-título — com o seu início apoteótico — aparece para mostrar que há elementos dos álbuns anteriores no novo disco; neste caso, a música caminha entre o Britpop do Verve e tons minimalistas de guitarras e teclados, com Hugo exemplificando a fala sobre o tipo de canto que ele quis no álbum. “Smile”, por sua vez, destoa do clima ameno e reflexivo das faixas anteriores, e promove um certo caos na linha temporal do álbum, com uma guitarra mais pesada (um pouco, apenas) e intervenções de trompete.
E assim o disco vai se desenvolvendo, se baseando nas melodias sofisticadas do Post Punk e Britpop, com algumas variações aqui e ali, como nas baladas pops “Wherever You Go” e “Alone”, e a Folk “The Younger Man” (cujo final ganha um ritmo mais metal).
Projetos solos e/ou paralelos geralmente costumam ser campos férteis para novas aventuras. Olhar para carreira solo do Hugo Mariutti, no entanto, é reconhecer que o músico já construiu um DNA em sua discografia solo, que é realçada em “This Must Be Wrong”.