Atualizado em: fevereiro 11, 2025 às 10:51 am
Por Guilherme Costa
Recentemente, creio que no ano passado, surgiu uma discussão sobre como as bandas brasileiras Crypta e Nervosa eram as sucessoras naturais do sucesso que o Sepultura fez fora do Brasil nos anos 90 (principalmente); a justificativa era, além dos ótimos recentes álbuns, a agenda generosa das turnês por Europa e Estados Unidos. Expandindo o assunto para quem seguirá levando a bandeira dos diversos estilos do Metal para o planeta, uma vez que os grandes estão cada vez mais próximos do fim, não é nenhum absurdo colocar o Jinjer nesta lista.
Formado em Donetsk, Ucrânia, o grupo, cuja formação (consolidada desde 2016) consiste em Tatiana Shmayluk (vocal), Roman Ibramkhalilov (guitarra), Eugene Abdukhanov (baixo) e Vladislav Ulasevich (bateria), lançou “Duél” – quinto álbum de estúdio da banda – na última sexta-feira (7), via Napalm Records, solidificando a curta carreira do grupo.
Carreira curta e cheia de percalços que surgiram recentemente, mas que o grupo conseguiu – em partes – superar. O primeiro foi a pandemia da COVID-19, no qual a banda lançou o aclamado “Wallflowers” em 2021 e não conseguiu promover o disco da maneira adequada. O segundo problema, que ainda não foi superado, foi a invasão da Rússia ao território ucraniano impedindo o grupo de sair do país durante boa parte de 2022.
Com “Duél” na pista, tudo o que ouvimos nele é fruto desses recentes capítulos e, sobretudo, da maturidade de uma banda que já não pode ser colocada entre o futuro do Metal, porque eles são o presente.
A abertura é com a agressiva “Tantrum”, com a bateria de Ulasevich indo direto ao ponto sem a necessidade de algum tipo de introdução. Todos esperam que um disco do Jinjer seja extremamente pesado e técnico, e é assim que segue durante as suas onze faixas, com destaque para a mais groovada “Tumbleweed”, “Kafka” (faixa em que Tatiana sugere que a vida artística, por vezes, é uma obra kafkiana) e “Someone’s Daughter”; além das pesadíssimas “Rogue” e “Fast Draw”.
É difícil imaginar o Jinjer lotando um estádio, porque o perfil dessas bandas sempre foram menos pesadas (até mesmo o Metallica). Mas, novamente, não dá para enxergar um mundo com Metal sem o Jinjer, e “Duél” é a consolidação do quarteto ucraniano.