Atualizado em: novembro 11, 2024 às 11:06 am

Por Guilherme Costa

Uma das reclamações mais comuns na internet, é como a música atual é ruim e como a mídia (generalização que há um bom tempo perdeu o total sentido) não apresenta nada de novo. Ora, ainda é necessário falar que a internet é um grande aliado na procura por algo novo? Sim, ainda é preciso dizer que um mais um é igual a dois. Fico imaginando que se eu fosse o tipo de pessoa que cruzasse os braços e esperasse que o “grande artista novo” aparecesse no Caldeirão do Hulk, iria deixar de conhecer um monte de coisa boa (que, inclusive, eu costumo escrever por aqui), como o Juno Is.

Projeto da neozelandesa Mackenzie Hollebon, o Juno Is lançou o EP de estreia “Creature of Habit” em 2020 e desde então compartilhou grandes singles; como “Boom” e “I’m Situated In The Sun” – que não estão nas famosas plataformas digitais. A ideia do álbum de estreia já estava no ar há muito tempo, e ganhava mais força a cada lançamento. Entretanto, somente após o lançamento do single “The Highway Song”, no ano passado, que o registro de estreia ficou mais próximo da realidade.

E é interessante que após tantos singles lançados, cujo pensamento natural fosse que eles entrassem na estreia, fossem “descartados”. Porque quando o single “Another Deal” foi lançado, foi revelado que ele era a segunda prévia da estreia. Ou seja, pouco sabíamos então de como seria o primeiro álbum completo da Juno Is. Em mim, isso causou um certo temor porque eu gosto muito dos singles lançados entre 2020 a 2023.

“Where To Begin” foi lançado na última sexta-feira (8), revelando que o Space Rock de “Floating” não se perdeu no caminho, e as explorações de camadas de sintetizadores seguiram em seu som. Mas há algo de diferente aqui, sobretudo quando olhamos para faixas como “Your Character Will Soon Unfold”, “Florist” e “Nonchalant” – faixas não se reduzem ao Indie psicodélico, no qual o groove explora caminhos em que os sintetizadores deixam o protagonismo.

Ser o tipo de fã que espera que os trabalhos dos EPs que antecedem o álbum de estreia estejam na mesma página, por vezes é uma tarefa ingrata. Em “Where To Begin”, eu não acho que o álbum possa ser uma continuação de “Floating” ou “It’s No Groover”, embora haja algumas comparações que as ligam (“Where To Begin”), sendo então uma espécie de começo para o que está por vir. Entre o single “Another Deal” e as faixas “Figurine” e “Eyes On The Prize”, Hollebon mostrou que os sintetizadores tão presentes em sua curta carreira não apontam em uma só direção.