Atualizado em: junho 11, 2025 às 10:27 am

Por Guilherme Costa

No próximo domingo, 15, o Kobracaio e o Vida Cobra estará na cidade de São Paulo para apresentar o seu recente álbum, “Superficial”, lançado digitalmente no último dia 10, na casa Algohits. O novo disco contou com um lançamento físico, no dia 9 de maio, com cem cópias da versão em CD. A medida, entretanto, não foi 100% baseado num saudosismo da mídia física – que, inclusive, tem ganhado força no mundo underground, mesmo que os lançamentos seja numa curta tiragem – e sim após um atraso no cronograma do lançamento:

“A gente teve um problema de datas, e acabou que a foto oficial da capa deu uma atrasada, como eu já havia prometido um lançamento e um show pra galera aqui em Brasília, a forma q eu achei de contornar esse problema foi fazendo 100 discos físicos, o que no final deu super certo, porque também é uma forma diferente de divulgar o trampo, além do que todas as bandas do mundo já estão fazendo na rede social” Comentou o vocalista e líder Caiasso, que seguiu: “Ninguém faz mais CD, e acredite todo mundo que recebeu ficou surpreso de forma positiva. Eu ando evitando fazer esses conteúdos todos iguais a todas as bandas, porque eu mesmo não tenho menor paciência pra esses conteúdos de Instagram de banda que tem rolado atualmente”.

Caiasso e time terão a companhia do Zaguaraz, Red Roof e Karma 13, para embalar a festa do domingo. Entre agradecimentos à Bianca Vaccari, responsável por organizar a turnê, o vocalista do Kobracaio se mostrou empolgado e confiante para divulgar o seu som: “era tudo que eu precisava pra divulgar esse meu novo trampo. A gente espera que São Paulo receba a gente bem porque faz tempo que o Kobracaio não cola aí, e eu espero todos meus amigos aí dia 15 pra fazer essa farra com a gente”. Após esse show, o Kobracaio e Os Vida Cobra e o Karma 13 descem para o sul, numa mini turnê com o Black Days, Dharma Numb, Capote e Falso Sol:

“[Sobre] tocar no sul, estamos muito animados pois nunca tocamos em nenhuma dessas cidades como banda, eu mesmo não conheço Porto Alegre, que é a cidade natal do meu baterista rs (ele já tocou lá, no projeto Apanhador Só e Campbel Trio)… Mas é isso que é o legal de ter banda! O que eu falo pros moleques, que tocam comigo, que a gente não tem uma banda, temos uma agência de turismo e pra explicar este meu pensamento, faço uma comparação com a Vava tour do programa sai de baixo rs.” Arremata o vocalista!

Superficial – composição e influências

Três anos após o lançamento do disco de inéditas, “Mantém”, Caiasso está com novos parceiros: André de Toca (guitarra), Renê Ruchet (guitarra), Rafael Maranhão (baixo) e André Zinelli (bateria). A nova formação aconteceu após Caiasso decidir continuar em Brasília, então ele precisava ter uma banda fixa: “depois que eu decidi não mudar de vez para São Paulo, eu e o Capileh (Alexandre Capilé, produtor do disco) decidimos que eu teria que fazer uma formação aqui em Brasília, e deu super certo”. Já o processo de criação seguiu na mesma linha do debut, com Caiasso compondo as bases no violão: “em relação aos arranjos, fiz parecido com o primeiro disco, gravei em casa umas bases no violão, coloquei a voz em cima, e trouxe pro ensaio pra gente trabalhar junto, algumas coisas também o Capileh ajudou a produzir na hora da gravação lá no Costella e deu o resultado ai que vocês tão vendo”.

O resultado é um disco mais limpo do que o antecessor, pendendo mais para o Hardcore do que o Alt Rock da estreia (embora o disco tenha sido composto numa época em que o líder da banda estivesse ouvindo Oasis com grande frequência). Quem o segue nas redes sociais sabe que ele costuma mencionar diversas bandas (e músicas) em seus stories; a maioria delas tiveram grande influência em “Superficial”: “eu tive muita influência do show do Blink no brasil no ano em que eu estava compondo o Superficial, além de estar fritando em outras bandas novas da cena mundial hc e punk: Idles, Turnstile e todas as bandas do Parker Cannon, No Pressure e Story so far, Chuva Negra…”

Amizades e temas pessoais

Lembro de quando eu ouvi “Ana Lu” pela primeira vez. Confesso que tive uma reação mista com a versão do clássico, presente na minha infância, da banda fictícia The Wonders. Ouvindo “Mantém” na íntegra, a minha visão a respeito do grupo mudou completamente (sobretudo por causa da faixa “O Que Te Faz Feliz”). Com “Superficial”, a impressão foi a melhor possível na primeira prévia liberada: “Steeven” – um Pop Punk típico dos anos 2000, que aborda o lado melancólico das celebrações natalinas e a complexidade das relações familiares”.

“Pemba”, que conta com a participação de João Lemos (Molho Negro), abre o disco com um belo riff de guitarra e uma batida seca da bateria antes de explodir num Punk moderno. A sequência é “Campainha”, que conta com a participação de Deb Babilônia (Deb and The Mentals), que mantém o ritmo frenético e direto do início do álbum. As participações especiais foram fáceis de ser arranjadas, devido a amizade dos três envolvidos; como conta Caiasso:

“Esses aí eu já conheço de longa data, foi uma mensagem de zap zap mesmo que eu fiz pra cada um e convidei eles no dia que eu tava gravando voz lá no Costella. Como eles moram ali do lado, deu tudo certo, chegaram lá eu mostrei a letra e o que eles tinham que cantar e rapidinho a gente gravou, foi uma grande festa essa gravação, tem uns trechinhos no nosso Instagram pra quem ficar curioso. Não teve ensaio, não teve nada, só amizade e muito amor. Inclusive aproveito pra agradecer e enaltecer esses dois grandes artistas do Brasil, os dois me influenciaram pra caralho em tudo que eu faço aqui nesse rolê com o Kobracaio, sou muito grato de verdade por ter conseguido cristalizar eles no ‘Superficial’ comigo!”

“Tambores da Liberdade” vem logo em sequência e é a minha favorita. Ela é a menos Harcdore/Punk entre as seis faixas do disco, mas está longe de destoar delas. Num andamento mais cadenciado – em relação às outras -, ela é a típica faixa que é escolhida para ser single (é mais palatável para o grande público) e conta com uma letra agridoce em que o sóbrio Caiasso reflete e canta “e aqui dentro, o meu peito dói/ eu vou me lembrando/ me afogo nesse oceano/ de tristeza e orgulho, felicidade e amor, foi tudo o que sobrou, quando a história só começou”. Mal posso esperar para cantar essa no domingo.

A romântica “Carol”, introduzido por um bela riff, a já citada “Steeven” e “FO DA SE” – música que “emerge como um pedido de licença para existir plenamente, reivindicando a humanidade de corpos historicamente silenciados numa realidade líquida e efêmera” – encerram em grande estilo o álbum de “Negremo” (como Caiasso define).

Ao contrário do título, “Superficial” é um grande festa entre amigos e também uma espécie de um resumo de tudo o que o líder do Kobracaio e Os Vida Cobra passou no período de composição do álbum. Nele, tudo é o mais visceral e real possível!