Atualizado em: março 12, 2025 às 6:56 am
Por Guilherme Costa
Assim como no Nu Metal, as bandas de Symphonic e Gothic Metal foram uma (outra) grande porta de entrada para uma nova geração de fãs que iniciava a sua vida no vasto universo do Heavy Metal (e seus subgêneros). Entre tantos grupos, os italianos do Lacuna Coil se destacaram com os seus três primeiros álbuns voltados para o Gothic Metal: “In A Reverie”, “Unleashed Memories” e o clássico “Comalies”.
Foi a partir do “Karmacode”, sucessor de “Comalies”, que a banda passou a envergar mais para o Metal Alternativo, até o arrasa quarteirão “Delirium”, responsável por resetar todas as impressões que os fãs (incluindo a mim) tinham da banda. Mais pesado do que nunca, o álbum (o primeiro sem os membros da formação clássica, Cristiano “Pizza” Migliore, Cristiano ‘Criz’ Mozzati e Marco “Maus” Biazzi) contava com uma base extremamente pesada – carregada de breakdowns – e um Andrea Ferro disposto a chacoalhar o seu mundo com um vocal bastante agressivo; apenas a Christina Sccabia, também vocalista, manteve a ótima linha melódica de canto.
“Black Anima” e o “Comalies XX” – versão comemorativa do clássico de 2002, trazendo uma nova roupagem para as músicas – seguem na mesma linha do “Delirium” e levantou um questionamento sobre como seriam os próximos álbuns do Lacuna. Se seguissem a recente fórmula do sucesso, a chance de um disco repetitivo seria muito grande. Mas isso não aconteceu!
“Sleepless Empire”, décimo álbum de inéditas do grupo, foi lançado no dia 14 de fevereiro, via Century Media Records. O álbum conta com as participações de Randy Blythe (Lamb of God), na faixa “Hosting the Shadow” – aliando “Comalies + Lamb of God – e Ash Costello (New Years Day), na faixa “In The Mean Time”.
Mostrando um Lacuna Coil conectado com os discos da fase Metal Alternativo (a saber, além de “Karmacode”, “Shallow Life”, “Dark Adrenaline” e “Broken Crown Halo”) e sem deixar o peso dos álbuns mais recentes, “Sleepless Empire” seria o sucessor ideal para “Broken Crown Halo”, lançado em 2014, servindo de transição para o que viria ocorrer com “Delirum”. Linha temporal à parte, aqui há elementos do Gothic Metal que nos transportam para os primeiros trabalhos dos italianos, como o hino “I Wish You Were Dead” – com Scabbia, mais uma vez, no centro de um refrão em que todos os fãs irão despejar as suas energias durante os shows -, “In Nomine Patris” e “Sleep Paralysis”, com o peso necessário para te lembrar de que o álbum quer soar como algo do início do século.
Andrea Ferro, a propósito, segue com o seu estilo agressivo de canto, se destacando em “Oxygen”, “Gravity” e na faixa-título, e consolida como uma peça tão importante quanto Scabbia. Evidentemente a dupla sempre foi o centro das atenções do Lacuna Coil, mas é impossível não citar (e se impressionar) a atmosfera pesada e preenchida que Marco Coti Zelati, Richard Meiz e Daniele Salomone criaram.
“Sleepless Empire” poderia ser o sucessor ideal de “Broken Crown Halo”. Mas a ruptura que ele causou nos lembrou de que o Lacuna Coil não costuma cair num ciclo vicioso sonoro.