Atualizado em: maio 1, 2025 às 10:26 am

Por Guilherme Costa

No último dia 24 (mais conhecido como última quinta-feira), a artista Leffs lançou o EP “Leviana” em todas as plataformas de streaming, de forma independente. O registro saiu após o lançamento de alguns singles e o EP “Quarentena Eletrohits”, liberado em 2020. “Leviana”, então, mostra como todos estes lançamentos ajudaram para o amadurecimento artístico da Leffs (sobretudo em relação aos dois EPs).

Olhando para os seus outros lançamentos, a Leffs sempre trouxe um som carregado de camadas eletrônicas, seja caindo para o lado dum Lo-fi (“Mente”) Pop, da Duda Beat (“Mergulhar”), e até mesmo para algo mais atmosférico e experimental (“Iluminar”). No novo EP, a música “Balada do Tempo” (originalmente lançada no EP de 2020) ganhou uma outra roupagem, oferecendo outra amostra do que é o universo da paranaense, num pop por camadas eletrônicas sendo carregado por uma guitarra minimalista. Aqui, principalmente, a cantora mostra a sua melhor versão.

Depois de cinco anos de carreira autoral, percebo o quanto a dor é algo que vende, especialmente enquanto travesti. Porém, o custo disso é alto demais. Em Leviana celebro minha trajetória de forma honesta: se for pra rir ou pra chorar, faremos isso juntas! Espero que dessa forma, a possibilidade de ser Leviana, hoje privilégio de poucos, possa ser estendida a pessoas como eu.

Essa declaração, vinculada em material para imprensa, se conecta com as outras três faixas que completam o EP. As já conhecidas “Mergulhar”, que conta com a participação da Majis (lançada neste ano), “Saliva” e “Hortelã”. Todas as três faixas transbordam amor e os seus efeitos colaterais, uma vez que nada é cem por cento lindo, como ela canta em “Hortelã”: “quando tudo desapareceu, o mundo era só você e eu/ como foi que a gente se perdeu?/ Te ligando às 3 da manhã, com saudade do que a gente não viveu”.

Lutar por seu espaço, seja pessoal ou de uma comunidade, não é necessariamente ser sempre combatível. Lutar é, por vezes, se desarmar e se reconhecer como você é. Em “Leviana”, Leffs usa do título para celebrar a felicidade ao ver o seu reflexo e se reconhecer na sua arte.