Atualizado em: maio 25, 2025 às 8:10 pm
Por Guilherme Costa
A cantora norueguesa, Liv Kristine, é uma das grandes cantoras do Symphonic e Gotihic Metal, com as suas imensas contribuições para o Theatre of Tragedy e Leaves’ Eyes (este, mais Folk/ Viking Metal). Ela pode não ter a mesma repercussão comercial que a Tarja Turunen ou a Sharon Del Adel, mas é tão importante para o Metal quanto elas (sobretudo por causa do Theatre of Tragedy). E um novo passo na sua extensa e rica carreira foi dado no dia 25 de abril, com o lançamento do seu sétimo disco de estúdio, via Metalville Records.
“Amor Vincit Omnia” (O amor conquista tudo, em português) é um novo passo, porque foge do gótico dos seus antecessores (“River of Diamonds” e “Vervain”, o meu favorito) e mergulha na atmosfera mais pesada e densa do Doom Metal. Mesmo que o título seja muito claro, não há como se arrepiar com as “baladas” ao melhor estilo Draconian das faixas “Amor Vincit Omnia”, que conta com a participação de Michael Espenæs (seu marido), e “Ode To Life Pristine”. Como o épico também faz parte da carreira da cantora, “12th February” soa como uma balada-Doom-com-desfechos-épicos-agridoces já que Kristine inicia cantando “A beleza com a qual vivo/ A beleza pela qual vivo/ A beleza que se manifesta através de mim” e termina recitando os versos: “A escuridão que me cerca/ A escuridão dentro de mim/ É a escuridão que completa meu verdadeiro eu”.
“Angel In Disguise” encerra a primeira parte sendo um pouco mais sutil que as outras faixas, embora haja guitarras bem pesadas de um Metal mais acessível. Por falar na parte instrumental, a banda que acompanha Kristine é um dos fatores da grande qualidade do álbum; Tobias Glier (baixo), Roland Bliesener (teclado), Björn Etzel (bateria) e seu parceiro criativo Sascha Dannenberger (guitarra), mostram todos os seus predicados durante os 44 minutos de duração do disco.
Liv Kristine deixa o Doom Metal de lado na segunda metade do álbum e volta para o seu lugar comum: o mundo gótico. Para quem é fã de longa data da cantora, talvez compartilhe da minha visão de que é no Gothic Rock/Metal que está a melhor versão da norueguesa. A sutileza angelical da sua voz é um grande contraponto das paisagens obscuras que ela canta em músicas como “Love Decay” e “Creeper” (faixas do disco “Vervain”). E essa choque de atmosferas é o grande fio condutor das belas (e góticas) “Hold It With Your Life” e “Sapphire Heaven”.
Como deu para perceber nos parágrafos acima, mesmo que sempre dentro do universo do Metal, a versatilidade é uma das grande características da Liv. Em sua carreira solo ela é mais destemida ainda, tendo trabalhos com grandes influências da Pop Music, como no disco “Enter My Religion”. Em “Amor Vincit Omnia”, o dançante estilo dá as caras no Pop Rock Alternativo (bem típico dos anos 90) na faixa “Unzip My Love” – um Pop Rock daqueles que te faz dançar e notar cada linha dos instrumentos presentes nela. Há ainda “Melange (Whenaddictioncalls)”, que também utiliza muito da roupagem intransigente da música alternativa da década de 90.
Após a demissão (ou expulsão) do Leaves’ Eyes, Liv Kristine travou uma grande batalha para se reerguer. Ela participou de projetos com o Midnattsol, fez parcerias com o Eluveitie, Tanzwut e outros vários artistas/bandas, até se sentir pronta para retomar a sua carreira solo. Apenas dois anos após o lançamento de “River of Diamonds”, Kristine voltou a nos mostrar por quê é um dos mais marcantes nomes do Heavy Metal em geral. “Amor Vincit Omnia” desabrochou uma flor doom no meio de um jardim gótico que é a carreira da cantora!