Atualizado em: dezembro 3, 2024 às 3:57 pm
Por Guilherme Costa
No dia 29 de dezembro do ano passado eu encerrava os Melhores do Ano de 2023 do Um Outro Lado da Música com o álbum “Nowhere and Everywhere”, da dupla Unthank:Smith. O Smith em questão, é Paul Smith, vocalista do Maximo Park, que lançou o seu oitavo disco de inéditas no dia 27 de setembro, “Stream of Life”, via Lower Third.
O álbum foi o primeiro em que Paul Smith (vocal), Duncan Lloyd (guitarra) e Tom English (bateria), além dos músicos não oficiais Jemma Freese (teclado) e Andrew Lowther (baixo) puderam gravar 100% presencialmente, já que o seu antecessor (“Nature Always Wins”) teve de ser gravado remotamente por causa da Covid-19. A propósito, “Stream of Life” também difere do seu antecessor por não seguir a sua linha mais pop; pelo contrário, o quinteto de Newcastle está na plenitude da sua essência!
Iniciando com “Your Own Worst Enemy” e sendo seguido por “Favourite Song”, o recado é mais do que claro que a aura de “A Certain Trigger” está presente no registro, com sua grande energia, belos ganchos e refrãos – por vezes não muito convencionais – para serem gritados durante o seu shows. E como o Maximo Park é daquele tipo de banda que nunca consegue soar repetitiva, os versos da introdução de “Dormant ‘Til Explosion” (“Combat the end with perpetual motion/ Capturing sounds with a gentle emotion // “Combata o fim com movimento perpétuo/ Capturando sons com uma emoção suave”) anunciam que o quinteto está disposto a te chacoalhar, enquanto o teclado de Freese, a Gibson de Duncan e a voz de Smith chegam no volume máximo no refrão: “Estamos adormecidos até a explosão/ Sem conflito, há erosão/ Você é insensível e, sim, eu preciso disso/ Sem ruptura, não há cura”. A faixa conta com a participação de Vanessa Briscoe Hay, artista de Athens.
E a ligação com a cidade onde surgiu o R.E.M. não parou na parceria com a cantora. O álbum foi gravado na cidade da Geórgia, pelo produtor Ben Allen, que também conseguiu trazer um pouco da vibe banda liderada por Michael Stipe (na fase “Green”), nas faixas “Doppelgänger Eyes” e “I Knew That You’d Say That”. Há outras ligações, além das ligações que ocorrem nas vidas dos seus integrantes e que deságuam em sua temática, como o nome do álbum!
“Stream of Life” é o nome que o livro “Água Viva”, da brasileira (nascida na Ucrânia) Clarice Lispector, recebeu na Inglaterra. A faixa também é a minha favorita do disco, sobretudo quando Smith canta: “A maneira como eu vejo você não é a maneira como você me vê/ Mal-entendido não é o que eu chamo de tragédia” no gancho para o refrão da faixa semi acústica.
“Sempre tentamos documentar o mundo ao nosso redor em cada fase de nossas vidas, enquanto sutilmente empurramos a música para frente a cada vez – este disco dá continuidade a essa missão” E é pensando nesta declaração do grupo que, passando pela distinta “Armchair View”, as guitarras secas típicas do B-52s em “The Path I Chose”, a abordagem de uma crise existencial em “Quiz Show Clue” e o encerramento com “No Such Thing As A Society” – faixa cujo nome é inspirado na insólita frase de Margaret Thatcher, “Stream of Life” é um álbum clássico do Maximo.
O Maximo Park está entre Os Melhores do Ano do Um Outro Lado da Música!