Atualizado em: outubro 4, 2024 às 12:08 pm

Por Guilherme Costa

Em 2021 a poetisa Mel Duarte lançou o seu sétimo livro “Colmeia: Poemas reunidos”, pela editora Phillos. Três anos depois, parte desses poemas teve o seu horizonte ampliado para o disco “Colmeia” – sim, ela também é cantora -, o seu segundo disco de estúdio, sucedendo o álbum “Mormaço – Entre Outras Formas de Calor”.

Produzido pelo rapper e companheiro, Felipe Parra, “Colmeia” saiu nesta sexta-feira (4), de forma independente. Se no antecessor surgiram faixas baseadas no Reggae, Soul e Samba, o novo disco é mais focado nas batidas do Hip Hop, dando um tom mais incisivo na mensagem da paulista. O foco no Hip Hop não é uma amarra (como, no geral, nunca é), e outras influências como a do Afrobeat são perceptíveis.

Contando com dez faixas, sendo que a segunda metade mostram Mel Duarte declamando os seus poemas, a minha primeira parte é uma atividade hipnotizante, seja pelas percussões presentes em “Querem Nos Calar” e “Não Desiste”, ou pela frenética “Fagulha”. Em “Deslocamento”, o Funk Carioca dita o ritmo enquanto Mel Duarte canta “Querer viver da sua arte, é mais que resistência/ ser representante dos seus sonhos… usar a sapiência”.

O Encerramento da parte musical, “Preta Pretinha”, é uma mensagem (com influência da música erudita/chorinho) para todos os negros e negras que diariamente são taxados e pouco ouvidos “preta, pretinha, não ligam pro que dizem as pessoas/ preta, pretinha, só a cabeça pra colocar a coroa”. A mensagem fica mais impactante quando só a voz de Mel Duarte é presente, no encerramento do álbum.

Ouvir “Colmeia” causa o tipo de sensação de quero mais que, pelo fato da Mel Duarte ser multiartista, significa completar o impacto do álbum em sua própria obra!