Atualizado em: dezembro 30, 2024 às 10:06 am
Por Guilherme Costa
No dia 8 de novembro saiu o terceiro disco de inéditas do Antiprisma, “Coisas de Verdade”, em todas as plataformas digitais, via Orangeira Music. O aguardado álbum rompeu um hiato de cinco anos entre o seu lançamento e o do seu antecessor, “Hemisférios”, em 2019, seguindo o lado mais plugado deste.
“São duas horas e está tudo bem” (a minha favorita), foi a escolhida para ser a primeira prévia do disco, revelando que a “formação de banda” – que agora inclui Ana Zumpano (bateria) e Beeau Gomes (baixo) – de seus shows foi transportada para o estúdio; as guitarras de José e Elisa também ganharam mais destaque, deixando o clima Folk de seus violões em segundo plano (embora a viola de José siga muito presente), como é demonstrado em “Que seja”. E numa demonstração de que o Antiprisma é um quarteto, Ana abre a contagem para o início de “Euforia” (ao contrário de “Americanos Selvagens”, faixa que encerra o “Hemisférios”): outra amostra do entrosamento entre Elisa, José, Ana e Beeau.
A partir da quarta faixa, “Saturnino”, o Antiprisma surpreende a todos, indo em direções bem diferentes dos seus trabalhos anteriores e das prévias do álbum. A faixa inicia com violoncelo (gravado por Mário Manga), seguido por um coral de doze vozes (como o grupo destacou em matéria para o portal Scream & Yell), e também conta com a viola gravada por Fábio Tagliaferri. A sequência é a faixa título, com as suas programações titânicas (a dupla se inspirou em “Jesus Não Tem Dentes No País Dos Banguelas” e “Õ Blésq Blom”) – ela também me remeteu a “Rise” do PIL – enquanto Elisa divide o vocal com Ana. O fechamento das grandes surpresas presente em “Coisas de Verdade” é a misteriosa “Wilma Miragem” (“Olho nos olhos/ pergunte o que quiser/ eu vejo a noite/ eu vejo calafrios”), que entra no clima de “Venus In Furs (Live MCMXCIII), do Velvet Underground.
No passado eu encerrei os Melhores do Ano com o álbum que mais me surpreendeu: “Nowhere and Everywhere”, do Unthank/ Smith. Neste ano, eu sigo nesta onda e encerro os Melhores do Ano com “Coisas de Verdade”, que me surpreendeu por sua ousadia, evolução da sonoridade mais elétrica e por, acima de tudo, não deixar de incluir as suas raízes nessa nova fase – como na caipira, “Tente não esquecer” (que conta com a participação do cantor Bemti), que encerra o álbum.
O Antiprisma está entre os Melhores do Ano do Um Outro Lado da Música!