Atualizado em: dezembro 11, 2024 às 9:31 am

Por Guilherme Costa

No dia 1 de novembro o Qlowski lançou o segundo disco de estúdio “The Wound”, em todas as plataformas digitais, via Maple Death / Feel It Records. O álbum saiu dois anos após a sua estreia (“Quale Futuro?”), com Mickey Tellarini (vocal e guitarra), Cecilia Corapi (vocal e teclado), Lucy Ludlow (baixo), Christian Billard (bateria) e James Luxton (programações) mais políticos do que nunca.

“Espalhado entre Londres, Nova Iorque e Glasgow, ‘The Wound’, é também o resultado dos últimos anos dramáticos que temos vivido, escrito entre protestos nas ruas de Londres, comícios, marchas pró-Palestina, reuniões do sindicato dos locatários, uma sensação de desamparo se espalhando, mas também uma determinação eufórica de lutar e trazer justiça social a todo custo.”

O início, contudo, funciona mais como uma espécie de ‘reconhecimento do terreno/ montar a cama’ (entre outras metáforas), com o interlude “Thirteen” – faixa em que Ceci toca exatas treze vezes as duas notas da música no seu sintetizador. A sequência é quando o jogo começa para valer, com a faixa título sendo um Pós Punk com a atmosfera bastante sombria (na linha do início do Killing Joke) e caótica (sobretudo pelos vocais gritados de Tellarini ). O lado Art Punk – sempre aliado ao Pós Punk – dá o ar da graça em “Desire”, com as vozes de Tellarini e Ceci surgindo entre as bases sisudas de baixo e bateria.

Entre temas políticos, há também espaço para o amor. E é quando Ceci toma o protagonismo em “Stronger Than” (talvez a faixa mais leve do disco) para falar sobre o “amor que constrói uma casa, um mundo grande o suficiente onde tudo é para todos” e em “Praxis”, para abordar a “maternidade e transição, sobre morte e vida, sobre receber e retribuir. Como transformamos o amor em ação?” Ou seja, a revolução está em todos os âmbitos da nossa existência.

Uma das coisas mais comuns entre as novas bandas que surgem e se destacam é a orientação para o Pós Punk. Então como não soar igual as outras? A resposta é que não há uma fórmula, porém desde o seu debut o Qlowski se mostrou um grupo diferente dentro deste universo. Talvez seja pela aspereza em que as letras se ligam com a parte sonora, por vezes soando desconfortável (como é o caso de “Surrender” e “A Vision”). Pode ser também pela dupla de vocais e a sua dinâmica, muito bem explorada em “It May Change” – com o destaque para a bateria de Billard  -, faixa em que é gritada os versos “Take them down / hang them up upside down”, em alusão ao enforcamento de Benito Mussolini.

O fato é que em “The Wound”, o Qlowski seguiu com a sua base Art/ Pós Punk a fim de apontar o dedo na cara dos verdadeiros culpados dos males deste século (como na faixa “In Cold Blood”, no qual o grupo discorre sobre o barco cheio de migrantes naufragou na Calábria, vitimando mais de 3000 pessoas) e do passado, seguindo com a batalha que o povo trava diariamente.

O Qlowski está entre os Melhores do Ano do Um Outro Lado da Música!