Atualizado em: dezembro 3, 2025 às 10:03 am

Por Guilherme Costa

No site oficial do 2 Step Flow, a banda questiona se “é possível tocar rock sem guitarra”. A resposta vem sendo dada por eles mesmos, quando a — então — dupla lançou o single de estreia “We’re Going Down”, em 2017. Embora o som do grupo, formado em Caxias do Sul, RS, contenham outros elementos (synths, por exemplo), a base é calcada nos grooves de um baixo distorcido e bateria.

Recentemente a banda viveu um bocado de coisas: “mudança” do nome (o “two” foi substituído por “2”); lançamento do aventureiro EP “Newness”; aparição na série da Globoplay, Garimpeiros do Rock; shows; lançamento do disco de estreia; e o anúncio da saída do baixista e vocalista Woody Lusa. Por aqui, o foco é no álbum “Searching For Something”, lançado no dia 22 de janeiro, de forma independente.

Antes de abordar a estreia completa do duo, é necessário comentar sobre o registro lançado no ano passado. Após o lançamento de sete singles, entre os anos de 2017 a 2022, o 2 Step Flow liberou um EP que deixou (um pouco) de lado o peso presentes nos singles antecessores, apostando em bases mais retas e os elementos eletrônicos ganhando mais protagonismo (ouçam “Fall from Grace” e “Road to Home”).

Quase um ano depois, “Searching For Something” saiu e mostrou que Woody Lusa (vocal e baixo) e Diego De Toni (bateria) não estavam mais interessados na sonoridade serena presente em “Newness”, voltando a soltar o braço no baixo e bateria, respectivamente. Tal “retorno às raízes” foi apontado no single promocional “Don’t Stop” — liberado no fim de 2024; a faixa é uma força da natureza (a minha favorita do álbum) baseada numa potente linha de baixo aliada à característica dinâmica de De Toni, além de ter um refrão propício para gritar à plenos pulmões.

“Searching For Something” começa com a faixa-título, composta para a série Garimpeiros do Rock, já remendo o ouvinte de longa data à músicas, como “We’re Going Down” e “The Trap”. O timbre inconfundível de Woody reafirma a identidade sonora da dupla, sendo confrontada com a bateria de Diego. Iniciando de forma abrupta — a música poderia ter uma intro — “Crawling Animal” dá sequência no disco, sendo um pouco mais reta do que a primeira faixa. Ela não chega, no entanto, a ser mais convencional (na medida do possível) do que “Blackout” que, embora o refrão seja uma grande explosão (responsável por um blackout), tem uma estrutura mais enxuta — mesmo que a sua parte final seja uma grande jam.

Jam é uma boa denominação para o que o 2 Step Flow faz, não à toa eles lembram o Red Hot Chili Peppers (para além dos slaps). Ouvindo o disco, há aquela sensação de que sairá “um coelho da cartola” (seja do baixo ou da bateria) a todo momento. Essa imprevisibilidade pode ser conferida e apreciada nas faixas “Heartless”, “37” e “Peace” — uma faixa menos pesada, mas tão groovada e dinâmica quanto as outras citadas.

Diversos singles e um (aventureiro) EP serviram para pavimentar muito bem a estreia do 2 Step Flow, culminando com um disco que contém elementos dos registros anteriores e a sua própria identidade (ouça, também, Unconnected).

Infelizmente o futuro está com o horizonte turvo, embora Diego De Toni tenha avisado que a banda irá continuar. Assim como em 2021, quando eu escrevi sobre o disco acústico do Violet Soda, o novo disco também entra nos Melhores do Ano num tom de despedida. Contudo, o foco deve ser a obra que ficou, e “Searching For Something” fala por si só!

O 2 Step Flow está entre Os Melhores do Ano do Um Outro Lado da Música!