Atualizado em: novembro 27, 2025 às 7:55 am
Por: Arthur Coelho
Ouvir “distantes” é como sentir uma verdadeira explosão — seja pela catarse sentimental que envolve o trabalho ou pelo som potente elaborado pelo quarteto formado em São Paulo, que literalmente transformou empolgação, energia e desabafos no formato de música. “A gente colocou tudo o que tinha nele — tempo, energia, suor, coração. Histórias viraram letras, sentimentos viraram acordes, e há também a urgência de colocar tudo isso pra fora! Não é só música. É a nossa fase, o nosso agora, e talvez até um pouco do seu também”, comentou a banda no Instagram.
O novo EP, lançado em agosto deste ano, marca uma nova fase do grupo: uma transição musical que parte de um som mais atmosférico — noise nos primeiros trabalhos e shoegaze nos posteriores — para algo mais intenso, próximo do post-hardcore e do pop punk. Isso se consolidou, sobretudo, após a entrada de Hari Kishora (guitarrista e produtor do compilado), que agora divide composições e vocais com o fundador e baixista Darkk Vinnie. Algumas músicas do novo trabalho são, inclusive, rascunhos reelaborados que Hari trouxe de outros projetos, como ele contou em uma entrevista conosco em julho. Esse foi justamente o caso do single de divulgação “navalhas”, gravado na época com Lucão na guitarra e Tucca na bateria, que foram substituídos nos shows por Breno Della Rica (também Gurgel emo e Giant Love) e César Lima, respectivamente.
A música antecipada deu uma amostra desse “novo” homeninvisível, com letras introspectivas e emotivas que soam de forma potente, marcante e suada ao mesmo tempo — tanto no estúdio quanto ao vivo. Tive a oportunidade de presenciar três shows da banda, e todos trouxeram uma entrega visceral e cheia de energia.“Mandrapérola”, que abre tanto os shows quanto o EP, capta essa energia contagiante desde os primeiros segundos. Riffs de pop punk puxam a bateria até o momento em que os vocais entram e se alternam, culminando em um refrão no qual Hari libera a catarse sentimental enquanto Darkk grita ao fundo.
Pouco antes do fim, o single deixa um último gancho, logo substituído pelo divertido instrumental de “talvez não seja mais tão difícil assim”. A faixa é a mais agitada do EP e contrasta seu lirismo entre o desabafo do refrão e a sensibilidade das passagens: “se eu decidir fechar os olhos, será que o mundo para de girar?”/ se eu decidir fechar os olhos, será que ainda posso me salvar?”
Na reta final, “quase um fim” apresenta guitarras introspectivas que vão se expondo cada vez mais e que são acompanhadas de uma letra sobre dor e aprendizado — sentimentos bem diferentes daqueles que a faixa seguinte apresenta.
“não é rancor/não é rancor”
“distantes” encerra o EP com vocais raivosos e gritados sobre um instrumental que segue na direção contrária: leve e quase viajante. A faixa reforça uma dualidade entre vocal e guitarra que também se expressa na letra, centrada no distanciamento entre duas pessoas. No post de divulgação do EP no Instagram, a banda pede apenas 15 minutos da atenção do ouvinte. Mas, a verdade é que o trabalho te conquista logo nas primeiras faixas, com um frenesi que permanece do começo ao fim, letras marcantes e passagens que combinam atitude hardcore com a delicadeza do alternativo.
O homeninvisivel está entre os Melhores do Ano do Um Outro Lado da Música!