Atualizado em: janeiro 30, 2025 às 9:16 am
Por Guilherme Costa
Muita coisa rolou para o Menores Atos após o lançamento do disco “Lapso”, no ano de 2018. A banda trocou de formação, com Gustavo Marquardt assumindo as baquetas no lugar de Ricardo Mello; lançou o EP “Tropical Melancolia” em parceria com o Zander em 2020, o EP “Lúmen” em 2022 e o EP “Ato I”, em parceria com o projeto Nova Orquestra, em 2023. Em 2024 o trio entrou em turnê para a comemoração do décimo ano do disco “Animalia”, executando o primeiro álbum da então nova fase do Menores na íntegra.
Formado em 2002, por Felipe Fabris, a banda lançou o seu disco de estreia em 2005 e depois entrou num grande hiato que foi interrompido com uma mudança de formação, no qual Cyro Sampaio e Celso Lehnemann completaram o trio que gravou o disco “Animalia”. Em entrevista para o portal Posthardcorebr1, Cyro comentou que “por conta da mudança de sonoridade e trocas de integrantes é como se com o lançamento do ‘Animalia’, em 2014 marcasse um recomeço.”
Dez anos depois desse recomeço, o novo álbum de inéditas do grupo é marcado por outro senso de ruptura. Lançado no último dia 24, “FIM DO MUNDO” conta com a participação de Ale Sater (em “gravidade”) e Suricato (em “não tem mais verão”) e marca o início parceria do grupo com a Deckdisc, sendo definido como:
“Disco construído no meio de um cenário onde tudo em volta estava desmoronando. É sobre viver esse fim do mundo mas também sobre enxergar um mundo novo a partir disso. Depois de chegar no limite de tudo, ver o sol se abrindo. É sobre o fim mas também é sobre seguir em frente e recomeçar. e todos os sentimentos que envolvem essas situações, hipotéticas ou não”
As mudanças ficaram mais nítidas quando os efeitos eletrônicos no início de “nem choro, nem festa” e quando surge como base da faixa de forma espacial em “de canção em canção” – aliás o tema do espaço é explorado na parte lírica, numa metáfora para as nuances entre as lembranças de uma relação que já não existe mais: “As estrelas do teto me lembram você/ E me tiram o sono/ Pensei que a gente ia continuar a viver/ De canção em canção, de sonho em sonho”.
Em outras faixas o Post Hardcore fica mais evidente, mesmo que (por vezes) não na mesma intensidade dos seus antecessores. Mas é como o Cyroca disse a respeito da liberdade para a criação do “FIM DO MUNDO”. E é nesse senso de liberdade que faixas como “tudo no mesmo lugar”, “preso no passado” e “furacão”, cujo início lembra em muito alguns clássicos eletrônicos dos anos 90, como Massive Attack e Prodigy, se conectam com o passado ao mesmo tempo em que abre o horizonte para novas histórias.