Atualizado em: junho 19, 2025 às 3:42 pm

Por Guilherme Costa

Nesses atuais tempos de fácil acesso à música, o trabalho de conhecer bandas e projetos paralelos dos seus integrantes não é tão árduo como outrora. Quando eu conheci o Temperance, em algum videoclipe do YouTube, foi fácil procurar pelo material da banda italiana de Power Metal e, consequentemente, descobrir que eles haviam tido a vocalista Chiara Tricarico. A vocalista integrou o grupo entre os anos de 2013 a 2017, partindo para a carreira à frente do Moonlight Haze.

O Moonlight Haze lançou três discos de inéditas (“De Rerum Natura”, “Lunaris” e “Animal”), caminhando entre o Symphonic Metal moderno (basicamente aderindo aos efeitos eletrônicos, como o Delain e Within Temptation) e o Power Metal – também moderno. No geral, era uma boa banda italiana. Entretanto, com o recente lançamento, Tricarico e companhia deram um salto importante dentro da notável safra de bandas que têm surgido na Itália (Temperance, Frozen Crown e etc).

“Beyond” foi lançado no dia 23 de maio, três anos após o seu sucessor, via Scarlet Records. Quem os acompanha, percebeu que havia uma certa agressividade no vocal da Chiara, nos três singles promocionais; quem conheceu por causa do quarto disco, poderá notar a evolução do grupo ao ouvir os seus antecessores. A agressividade, entretanto, não bate à porta a partir da primeira música, já que “Beyond” (a música) inicia numa peça piano/vocal. A propósito, a vocalista e líder do grupo também “empresta” os seus vocais para o Avantasia – tendo, inclusive, se apresentando no país em maio.

É a partir da já conhecida “Tame The Storm” que os drives da vocalista mostra qual será a tônica do álbum. A faixa, que é um Power Metal tradicional, contém bases sinfônicas mas é calcada nos imponentes riffs de guitarras da dupla Marco Falenga e Alberto Melinato; como estamos falando de Power Metal, os solos seguem a imponência do estilo, com direito a guitarras dobradas. “Chase the Light” é outro exemplo de como a banda está mais Power e em como os refrãos ganharam mais poder com Tricarico soltando mais a sua agressiva voz. Entre estas duas músicas, está “Crystallized”, que tem uma boa (e estranha) introdução de guitarra e se aproxima mais dos álbuns antecessores do Moonlight Haze, quebrando um pouco do impacto do que seria uma sequência “Tame The Storm”/”Chase The Light”.

“Would You Dare?” curiosamente me remeteu ao Temperance (e não em seus primórdios) e segue com Chiara guiando o álbum com a sua potente voz. Aqui, eu não achei a sessão rítmica tão forte como em outras músicas, mas é uma faixa competente, de toda forma.

O que falta em “Would You Dar?”, sobra em “L’Eco Del Silenzio”. Como é praticamente uma regra ter uma balada, o Moonlight Haze fez a faixa com o título em italiano a sua. Composta pela dupla Tricarico/ Giulio Capone (baterista e que também gravou os teclados), ela poderia muito bem ser feita no piano, seguindo os passos de “Forgiven” (Within Temptation); mas a faixa é uma bela junção de violão, violinos, percussão e guitarras, caminhando numa linha tênue entre uma balada de Power e Symphonic Metal. com Chiara utilizando o lado mais angelical da sua voz para cantar em inglês e italiano. Sem dúvidas, o ponto alto do disco e uma das melhores composições do quinteto!

Para as três faixas seguintes, o Moonlight Haze retorna ao peso das guitarras e bateria/ baixo sólidos, para os fãs de música de metal se deliciarem com o show de riffs e refrãos para ser cantado em coro. O destaque maior vai para “Time To Go”: um misto entre o sinfônico, com Chiara se aproximando do canto lírico – além das adições de coros eruditos -, Power Metal,  variações mais pesadas com direito a vocal gutural e bases eletrônicas. Tudo isso acontece em em pouco mais de 4 minutos de música, numa faixa que parece fazer um bom resumo dos quatro álbuns do grupo.

O final é um tanto agridoce, já que “Awakening” carece de força e se aproxima de coisas que foram feitas em “Animal” (que eu até considero um bom álbum, porém distante de “Beyond”). De toda forma, “Beyond” mostra uma grande evolução da banda italiana, além de ser um guia para um caminho direcionado ao Power Metal, que pode resultar em ótimos trabalhos futuros!