Atualizado em: abril 8, 2025 às 9:25 am
Por Arthur Coelho
“Them Bones” é a melhor versão do existencialismo no formato de metal. A música da banda grunge Alice In Chains é um dos clássicos dos anos 90 e uma das melhores faixas do disco “Dirt” (1992).
Escrito por Jerry Cantrell e cantado por Layne Staley, a música mergulha num encontro psíquico entre a morte e a fragilidade humana. O guitarrista solo explica melhor:
“A música é uma maneira de deixarmos algumas coisas sérias saírem, porque não somos pessoas realmente falantes. É difícil para muitas pessoas falar sobre emoções que são realmente dor profunda e mágoa e merda assim. ‘Them Bones’ é bem cortado e seco. É um pouco sarcástico, mas é basicamente sobre lidar com sua mortalidade e vida. Todo mundo vai morrer algum dia. Em vez de ter medo disso, é assim que é: então aproveite o tempo que você tem. Viva o máximo que puder, divirta-se o máximo possível. Enfrente seu medo e viva. Tive membros da família que morreram em uma idade bastante precoce; então eu sempre tive uma espécie de fobia sobre isso. A morte me assusta. Eu acho que isso assusta muitas pessoas. É o fim da vida, dependendo de suas opiniões. É uma coisa muito assustadora. ‘Them Bones’ está tentando colocar esse pensamento para descansar. Use o que sobrou e use-o bem”.(Trecho retirado da RIP MAGAZINE de fevereiro de 1993: RIP ’93 :: Alice in Chains – Fan Site)
Com quase dois minutos e meio de duração, a música abre com os gritos assustados de Layne e logo se embala na melodia de seu pesado riff tocado em um tempo 7/8.
“I believe/Them bones are me/Some say/We’re born into the grave
(Eu acredito que aqueles ossos sou eu/Alguns dizem/Nós nascemos da sepultura)”
Nosso personagem se sente extremamente solitário, o que será revelado posteriormente, e enxerga sua própria morte da forma mais carnal possível, sem almejar um céu ou o inferno. O que ele vê são ossos empilhados, o que lhe dá tristeza e razão de vida ao mesmo tempo: nascemos para morrer e morremos porque nascemos.
“I feel so alone/ Gonna end up a big old pile/ of them bones
(Eu me sinto tão sozinho/ Vou acabar em uma grande pilha velha de ossos)”
Sua melodia é completada com o genial verso do baterista alternando a quantidade de notas que coloca no prato de condução e fazendo uma pausa até a explosão de gritos de Layne retornar.
“Dust rise/Right on over my time/Empty/Fossil of the new scene
(Poeira sobe/Bem no meu tempo/Vazio/Fóssil de uma nova cena)”
Como confirmado anteriormente, “Them Bones” é uma canção existencialista, que não crê em nenhuma vida pós morte que não seja o vazio e a decomposição do corpo. Pelo contrário, ela sabe da banalidade de nossa vida. A poeira é a iminência de uma morte que algum dia virá, inevitavelmente.
“Toll due/Bad dream come true/I lie/Dead gone under red Sky
(Pedágio devido/ Pesadelo se torna realidade/Eu deito/Morto sob o céu vermelho)”
Nem mesmo os sonhos escapam do pessimismo do grupo, o sentimento de morte eminente começa na mente e dá continuidade na realidade, onde a sensação é não menos que apocalíptica. A imortalidade não passa de ficção.
“I feel so alone/Gonna end up a big old pile of them
I feel so alone/Gonna end up a big old pile of them
I feel so alone/Gonna end up a big old pile of them bones
(Eu me sinto tão sozinho, vou acabar em uma grande pilha velha de ossos)”.
O refrão é repetido três vezes, sendo cada uma delas com uma maior emoção atribuída e com a adição das diferentes viradas de Sean Kinney. Independente das variações passadas, a mensagem de “Them Bones” é direta e real: viva ao máximo antes de se tornar apenas ossos. É o Carpe diem estilo grunge.