Atualizado em: junho 7, 2024 às 8:18 am
Por Guilherme Costa
No dia 24 de maio, a banda Os Fonsecas lançou o seu disco de estreia “Estranho Para Vizinha”, em todas as plataformas digitais, via Seloki Records. O álbum já havia sido promovido com a liberação dos singles “Vendaval” e “João”, dando bons indícios do que o sucessor do EP “Fundo da Meia”, viria a apresentar. Começando com o som psicodélico de “Boto Fé” (faixa do EP, “Fundo da Meia”), que é emulado nas potentes e groovadas “Não Peço Mais” (faixa que tem uma veia jazzística) e “Olhar Grego”, a banda partiu do seu EP para ampliar e evoluir os horizontes do registro de 2020.
Nesta nova fase, Felipe Távora (vocalista), Caio Colasante (guitarra), Thalin (bateria) e Valentim Frateschi (baixo) seguem irreverentes e livres para adicionar outros elementos à sua sonoridade, como o Bogie latino de “Vendaval”. Em contraponto ao swing de “Vendaval” e outras faixas (como “Escuro”, cujo começo é mais cadenciado, mas que no meio cede ao ritmo do quarteto), “Pirata” surge mais experimental, com camadas de sintetizadores sendo o principal foco da faixa.
É lógico que em meio a tanta psicodelia, a banda ia descambar (mesmo que um pouco) para o Rock Progressivo. E é em “Boca Adentro”, faixa que me remeteu ao Arrigo Barnabé, é onde toda a liberdade criativa é aflorada. Inclusive, a parte final do álbum deixa o swing inicial para dar espaço ao rock menos preso às fórmulas clássicas.
O Rock Psicodélico sempre teve uma força no Brasil, sobretudo na década de 70, sendo cada vez mais revisitados nestes últimos tempos (como o álbum de estreia do Retrato e os álbuns do Garotas Suecas, por exemplo). Em “Estranho Para Vizinha”, Os Fonsecas segue dialogando com a liberdade do gênero, abusando da criatividade e de suas vivências com outros projetos. O álbum é finalizado com “Hoje Mais Cedo”, que encerra sintetizando tudo o que foi feito durante o álbum de estreia.