Atualizado em: abril 17, 2025 às 5:46 pm
Por Guilherme Costa
O ano de 2025 é bastante importante para o Overfuzz. Os goianos completam 15 anos de existência e ainda celebram o lançamento do seu terceiro álbum de inéditas! Sugestivamente intitulado, como “Três”, o disco lançado no dia 28 de março é o primeiro composto totalmente em português.
“O grande desafio (e que também é a parte mais legal) está em achar sonoridades e melodias que soem bem com as novas propostas, mas sem perder a potência e a agressividade que sempre nos caracterizaram.” Comentou o vocalista e guitarrista Brunno Veiga.
E foi nesta dinâmica de encontrar melodias que pudessem coadunar com os dois primeiros discos, que Mário Nacife (baixo e vocal) e Victor César Rocha (bateria e vocal) – além do próprio Brunno – lançaram o registro mais distinto da sua carreira. Há o peso Hardcore de coisas do “Bastard Sons of Rock ‘n’ Roll”, como na faixa que abre o álbum: “Montanha-Russa”, porém a identificação com o rock nacional é muito maior. “Ilusão”, por exemplo, lembra algumas coisas do Cascadura; enquanto “O Olho Que Tudo Vê” entrega muito groove, além dos grandes riffs de guitarras, baixo pulsante e uma bateria extremamente dinâmica.
O desafio de soar bem em português, o que não é fácil, foi cumprido com êxito. O peso não se perdeu (vide o solo de “O Olho Que Tudo Vê”) e o trio ainda ganhou um aspecto pop, palpável para o ouvinte que não seja muito ligado ao Rock (“Overdose”, caberia facilmente numa trilha de novela da Globo), que os colocam entre o tipo de grupo que consegue furar a bolha do estilo.
Mas a música que sintetiza como a escolha pela língua mãe foi um tiro certeiro, é “Sonho Americano”. Mais direta, impossível. Com o refrão “deixe soar o seu complexo vira-lata, você não se encaixa/ ele queria tanto ser americano/ sacar todo o seu dinheiro no banco / montar uma banda que só canta em inglês/ fazer turnê tocando só pra burguês”. Tudo se encaixa: riff, baixo, bateria, vocal, letra, mensagem e refrão estão em total sintonia, numa faixa visceral e enérgica!
O disco é encerrado com a faixa “O Rock Morreu”. Ao contrário do título a música, cuja abertura é bem ‘Hendrixana’ (precisa dizer algo mais?), ela é mais um manifesto contra quem tenta matar o estilo e prefere ignorar tudo o que tem acontecendo ou surgindo, como o novo disco do Overfuzz: “a nostalgia te impede de entender, que o problema é você”.
Com um certo atraso eu peguei o álbum do Overfuzz para ouvir com calma e resenhar. Foi uma atividade tão boa quanto o álbum!