Atualizado em: maio 23, 2024 às 8:07 am

Por Guilherme Costa

“‘Falha Luz’ é o conjunto de 11 músicas que compõe um disco virtual que tem como força motriz criativa o ‘estado de ansiedade contemporâneo’, onde toda escolha é precedente a possibilidade de uma definição irreversível.”

É dentro dessa (na verdade, em uma das definições) definição que o disco de estreia do produtor natural do ABC Paulista, André Lucio, se apresenta para o ouvinte. Sob o nome de Rasura, a estreia tem o título de “Falha Luz” – cujo lançamento foi no dia 25 de abril, via Tratore -, e mostra uma sobriedade bastante singular para uma estreia.

Passando pela música eletrônica experimental, focando em atmosferas que criam paisagens sonoras urbanas, “Falha Luz” ainda tem influências da MPB e do Rock Alternativo. A abertura (“Véspera”) me remeteu ao projeto do Marcelo Yuka, F.U.R.T.O, devido a atmosfera criada pelos elementos eletrônicos. Esta atmosfera segue durante todo o andamento do álbum, mesmo quando a introdução de pandeiro da faixa “Liberdade” me levou a pensar em algum artista da MPB. Porém o espaço para algo mais orgânico também é cedido, como na swingada faixa “Trabalhar Cansa”.

André Lucio mostrou confiança na ousadia da sonoridade do álbum de estreia, e também mostras nas letras das faixas “Pã (A Luz Apagada)” e “Sozinho, Dentro da Noite” – faixa que ele declama o cotidiano de qualquer pessoa que vive numa cidade grande. A sua voz, que por vezes me lembrou a do Lenine, também é destaque no álbum.

Embora a música eletrônica geralmente seja acusada de soar artificial, eu acho impossível não se deixar levar pelas camadas sintéticas: seja do David Guetta, New Order, Ladytron ou algum DJ que toque numa Rave qualquer. Em “Falha Luz”, André Lucio criou uma paisagem sisuda (impulsionada pelos títulos das faixas), que dialoga com a característica paisagem cinza da capital paulistana.

Confira: