Atualizado em: setembro 16, 2025 às 5:01 pm

Por: Arthur Coelho

Os canadenses do Silverstein fazem parte de uma categoria especial de bandas que se mantém na ativa desde os anos 2000 e que alcança uma impressionante marca de 25 anos de existência sem hiatos e com raras trocas de membros.

A longevidade e a consistência do grupo são invejáveis e refletidas em uma discografia sólida. Embora sem conseguir repetir o sucesso do icônico “Discovering the Waterfront” (2005), os lançamentos deles mostram um Silverstein cada vez mais versátil e técnico, explorando há algum tempo territórios além da zona de conforto do post-hardcore.

“Eles mudaram, em diversos sentidos, mas algo permanece intacto nos lançamentos do quinteto: a capacidade de criar belas músicas com tons introspectivos e cativantes. Seu lançamento mais recente é prova disso e marca a continuidade de uma nova fase vivida pelos integrantes, que optaram por dividir o álbum em duas partes, com oito faixas cada.

 “Antibloom”, o primeiro deles, saiu no dia 21 de fevereiro e mostrou uma sonoridade variante e intensa que flerta tanto com o metalcore  quanto com os toques sensíveis e melódicos da música pop. “Pink Moon”, a segunda parte, saiu com exclusividade na última sexta-feira (12) e deu continuidade a esse som de produção moderna.

Para bem ou mal, é bem provável que o ouvinte tenha uma opinião similar sobre ambos os compilados, mesmo que “Antibloom” ainda tenha mais faixas com potencial hit, como demonstram “Skin & Bones”, “Confession” e “Don’t Let Me Get Too Low”, que curiosamente foram escolhidas como singles.

A primeira parte é encerrada com a nostálgica balada “Cherry Choke”, que viria a receber um complemento no disco seguinte com sua abertura quase à capella “I Love You But I Have To Let You Go”.

O Silverstein é sempre intenso e aqui não é diferente. O lado mais pesado, sem soar extremo, do compilado aparece logo de cara nos riffs do também single “Negative Space”, que complementa os gritos raivosos anteriormente apresentado em “Stress”.

Meet me in the middle

And Find Me

In the negative space

Os canadenses se mantém entre os gritos e a melodia com “Drain the Blood”, que conta com a participação especial de Rory Rodriguez, vocalista do Dayseeker. A canção mostra o equilíbrio do contraste entre potência e sensibilidade, também representado entre graves e agudos, que o Silverstein tão bem consegue alcançar.

A faixa seguinte, “The Fatalist”, mantém a agitação (contando novamente com um momento de breakdown) e mostra o melhor de seu vocalista Shane Told, que parece viver seu auge técnico.

Quando parece que o ritmo vai cair, “Windowmaker” surge como a faixa mais acelerada de todo o compilado, assim como uma das candidatas a melhor faixa do trabalho. Depois de uma sequência de porrada, o Silverstein dá um respiro no single pop punk “Autopilot”, gravado com a participação especial da cantora Cassadee Pope.

Na reta final, o grupo segue uma linha menos gritada e mais melódica, ainda sem deixar o BPM  cair. Em “Death Hold”, eles criam um refrão que gruda na mente sem hesitar e em “Dying Game” dizem adeus com uma melancólica despedida (de quem não pode se despedir) tocada de forma semi-acústica.

Pink Moon” talvez não seja o melhor lançamento dos mais de 20 anos de história de Silverstein (o que não é tarefa fácil), mas é um trabalho completo e versátil, que dá espaço para riffs pesados e gritos ao mesmo tempo que consegue sensibilizar com suas letras sempre emotivas e tocantes. Além de garantir duas coisas: intensidade do começo ao fim e dor de cabeça para seus membros na hora de montar um novo setlist.

A banda fará um show exclusivo na cidade de São Paulo no dia 2 de novembro como atração do Scream Invasion