Atualizado em: agosto 19, 2025 às 9:59 am

Por Guilherme Costa

Desde que o R.E.M. encerrou as suas atividades, lá em 2011, o membro mais ativo (musicalmente) do lendário grupo é o guitarrista Peter Buck. E foi por causa dos vários empreendimentos de Buck, que eu tive contato com o músico Scott McCaughey — companheiro de Buck em tantas bandas (The no Ones, The Baseball Project, Filthy Friends, The Venus Three).

O veterano músico, que foi integrante de apoio do R.E.M., é conhecido pelo seu trabalho à frente do Young Fresh Fellows e pelo Minus 5, a sua banda principal desde a década de 90. Tanto é, que no dia 30 de maio deste ano McCaughey e companhia lançou o décimo sexto disco de estúdio do grupo, “Oar On, Penelope!”, via Roc Yep Records.

Fundado como um projeto paralelo, o Minus 5 tem sido mais produtivo do que o título da sua criação sugeriu. “Oar On, Penelope!” saiu apenas dois anos após o seu antecessor, “Calling Cortez”. O que não muda é o espírito alternativo do grupo, que caminha entre o College, Indie e Rock Alternativo, sempre com uma dose de Power Pop. A única diferença do novo álbum, é que ele está com mais guitarras do que nunca.

“Words & Birds” abre o álbum com riffs secos de guitarras Kurt Bloch e McCaughey — No Minus, Buck é responsável pelo baixo — enquanto Linda Pitmon (companheira da dupla Buck/McCaughey na maioria dos seus projetos) utiliza de linha simples e diretas para dar mais arrojo as músicas. A sequência, “Death the Bludgeoner” é ainda mais pesada, embora o refrão seja voltado para o Power Pop sessentista. Um início muito diferente dos álbuns antecessores (“Calling Cortez” e “Stroke Manor”).

“Oar On, Penelope!” conta com uma produção bastante polida, mas há um homem que parece lutar contra isso e esse homem é o guitarrista Kurt Bloch. Outro músico a integrar algum dos recentes projetos de McCaughey e Buck (nesse caso, o Filthy Friends), o veterano guitarrista oferece uma dose mais “suja” com os seus solos despojados, como acontece na R.E.M (anos 80) “Let The Rope Hold, Cassie Lee”. Aliás, o single se destaca no álbum por ter sido gravado em um único take, já no final do dia de gravações.

Entre as sutilezas mais pops, “Last Hotel” e “Falling Like Jets”, música que conta com os backing vocals de Debbi Peterson (The Bangles), mostram o empenho do quinteto em criar ótimas baladas, ao passo que “Burgundy Sult” soa como uma grande homenagem para os seus ídolos da década de 60. Mas o grande trunfo do Minus 5 é caminho na linha tênue entre o Power Pop e o Indie Rock (ou College Rock) das faixas “The Garden of Arden” (uma das minhas favoritas), “Sharktooth” e a já citada “Death the Bludgeoner”, quando eles apontam para o ouvinte e gritam que são uma banda de rock and roll.

Tão edificante quanto conhecer uma banda nova (da nova geração) é constatar que um grupo de veteranos ainda tem muita lenha para queimar, conseguindo gravar um disco capaz de impactar pessoas de outras gerações (como é o meu caso).