Atualizado em: setembro 3, 2025 às 8:30 am
Por Arthur Coelho
O “rock brasileiro triste” surgiu como uma nomenclatura cômica que buscava descrever o som de diversos grupos advindos da cena independente de mais ou menos 2014 até aqui. O surpreendente é que a popularização de diversos artistas com composições sensíveis e de fácil reconhecimento estão quase transformando essa característica em um verdadeiro estilo musical.
Nesse sentido, uma das bandas que mais vem crescendo recentemente é a Chão de Taco, que não apenas se refere a um estilo de piso de madeira, como também a um conjunto musical formado em 2019 na cidade de Piracicaba, interior de São Paulo.
O debute deles ocorreu com o EP autointitulado que saiu oficialmente em 2021 e mostrou o poder sensível e emotivo de canções que manejam influências do rock alternativo do menores atos com o shoegaze atmosférico de gorduratrans, Luv e outros.
O compilado abre com “Pode Dar Certo”, uma canção sincera, cativante e crescente, que marca bem o estilo dos piracicabanos com toques minimalistas que dão o devido espaço para o instrumental respirar, assim como consegue unir diversos vocais em líricas marcantes, a exemplo do verso que é refrão e título.
Apesar do otimismo da faixa, o EP é, em geral, depressivo e até mesmo melancólico em suas demais canções. “Não Vai Embora” coloca o quarteto num retrato de nostalgia, saudades e abandono com ruídos externos, enquanto “Me Deixa Só” representa um isolamento combinado com arrependimento no auge do shoegaze.
As faixas podem ser vistas inclusive como um complemento uma cada outra. Assim como o EP todo em geral, que passa do otimismo esperançoso de quem crê poder recuperar seu relacionamento para tons cada vez mais cabisbaixos de questionamento e aceitação angustiosa (seu amor não vai voltar, esquece!) presentes em “Por quê você não sente mais nada?” (“PQNSMN”), que também poderia se chamar “Por mim você não sente mais nada”.
“Chão de Taco” foi gravado por Julia Compacci (guitarra e vocal), Ricardo Bombem (baixo, vocal), João Pedro Matos (guitarra, vocal) e Willian Baldine (bateria). Além de mixado e produzido por Franco Torrezan.