Atualizado em: outubro 20, 2025 às 4:23 pm
Por: Arthur Coelho
A austríaca Filiah debutou em 2019 participando de faixas eletrônica do conterrâneo produtor Eyht e chamou muita atenção pelo potencial suave e ao mesmo tempo potente de sua voz. No ano seguinte, ela entrou de vez em sua carreira solo com o lançamento de singles inspirados no estilo folk acústico com toques minimalistas.
Agora, em 2025, ela novamente muda de direção artística e se reencontra em outro gênero musical. O trabalho que marca essa virada é o EP ‘Sad Girl With A Punchline’, que saiu oficialmente no dia 10 de outubro pela Ink Music, e que coloca a cantora em um novo momento para explorar outros ritmos e influências.
A pegada folk dos anos anteriores ainda permanece lá de alguma forma, mas agora também divide espaço com referências do indie pop de diferentes eras. Nas seis músicas do compilado, dá pra encontrar um pouco de Phoebe Bridgers, Billie Eilish, Paramore (fase atual) e até de David Bowie.
A própria música de abertura “Scratch” expõem tais inspirações em um som de vocais potentes e um refrão viciante que não soa como enjoativo, mesmo com a repetição de seus versos três ou quatro vezes durante a duração.
“Mean Something” vem em seguida com qualidades similares, mas com um apelo menor. A música abrange vocais distantes em camadas suaves e um instrumental ainda mais trabalhado com influências do dreampop. Além de mesclar a nova cara da música de Filiah com uma vibe Lorde em ‘Pure Heroine’.
O EP mostra seu lado mais sentimental em “On & On”, que coloca a artista para cantar em tons mais dramáticos e nostálgicos com uma letra que está intimamente ligada com a da faixa título, que havia saído desde o dia 11 de julho.
A nostalgia, que é apenas um elemento na música anterior, se transforma em fator principal em “Sad Girl With A Punchline”, com a artista revendo sua infância com falas de autoestima (“If anyone disappoints me it’s myself” – se alguém me desaponta, esse alguém sou eu) e um conflito interno que não acaba nada bem (“A stranger holding your heart” – uma estranha segurando seu coração).
O interessante é que a canção é enrolada por um ritmo suave de pop cantarolado, mas que ao mesmo tempo contrastam com a letra apresentada, que sintetiza justamente o oposto do que se pode dizer por empolgação. Ela é um desabafo amargo e, de algum modo, também tocante, que mostra o lado mais profundo do trabalho de Filiah em seu melhor lançamento até o momento.
Agora acompanhada do grupo de compositores e artistas Welovemelodies, a cantora também mostra o poder de sua construção instrumental em “Atlas”, com destaques tanto aos vocais quanto à deliciosa linha de baixo que marca o seu ritmo.
E ainda finaliza o compilado com a dualidade de tristeza-beleza retratada em “Not Afraid”. A faixa recupera o lado mais folk de Filiah, como o que foi apresentado em “For Someone” (2022), e derruba o ouvinte emocionalmente com um dardo de sinceridade.
Em seu lado mais vulnerável, a artista aponta suas dificuldades de vivência, reclama e expõe a depressão. Mas sem se abater. Muito pelo contrário. Ela faz tudo isso para justamente poder afirmar o oposto: que é capaz de encarar tudo isso e seguir em frente.
Assim como em “Sad Girl…”, Filiah novamente envolve o ouvinte ao máximo e o leva a espaços atmosféricos e reflexivos que contam com um charme único. E ainda mais importante, se despede com chave de ouro em um trabalho apaixonante que marca a sua nova identidade musical.