Atualizado em: maio 15, 2024 às 7:50 am

Por Guilherme Costa

Em 2020 faziam dois anos que o Baggios havia lançado o seu terceiro disco de estúdio, “Vulcão”, cuja repercussão foi do tamanho da qualidade do álbum. Dois anos depois, Julico – vocalista e guitarrista do grupo sergipano – decidiu encarar o voo solo (ou melhor o nado solo), no seu primeiro disco sem a sua banda.

“Esse nome inventado em um momento de inspiração também representa para mim uma força da natureza que rege o tempo, uma espécie de orixá que vive nos mangues sancristovenses e que acabou sendo peça central do disco. As idas e vindas, as cheias e as secas das marés tem muito a ver com nosso ciclo da vida, com o nascer e morrer todos os dias, sobre recomeçar ou começar do zero. Vejo nessa simbologia uma ligação forte com o que buscava dando início a um trabalho novo paralelo a The Baggios.” Comentou o músico para a revista Rolling Stone, em dezembro de 2020.

“Ikê Maré” foi lançado em outubro de 2020, via Toca Discos (selo que o próprio músico criou), e de certa forma consegue se distanciar da sonoridade da sua banda. Sobretudo quando as influências do Soul brasileiro ficam evidentes ( “Aonde Viemos Parar”), assim como a psicodelia dos anos 70 sendo impulsionada por teclados rebeldes (“Surfista de Trem”).

Carregado de simbologias, como na sua banda, é difícil não lembrar também dos primórdios do Baggios em “Todo Santo Dia”, e não imaginar em como “Pelejamor” carrega a sonoridade do mais recente álbum do trio, “Tupã-Rá” (como muito Forró, Rock e Blues. Mas como Ikê Maré é um álbum solo, é evidente que a marca de Júlio Andrade está presente no registro; e é em “Outrora”, “Ikê Maré”, que a identidade do álbum fica mais nítida.

No ano seguinte o Baggios lançou seu quinto disco de estúdio (“Tupã-Rá”), e Julico tornou se aventurar na carreira solo em 2023, com o álbum “Onirikum”, mostrando o grande compositor que é.

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