Atualizado em: janeiro 15, 2025 às 10:36 am

Por Guilherme Costa

Em junho do ano passado saiu o sétimo disco do Madame Spectrum, “33”, em todas as plataformas de streaming. O então novo álbum do projeto do mineiro Carlos Augusto foi inspirado pelo nascimento da sua filha Cecília, como o músico e produtor comentou em entrevista com o Um Outro Lado da Música (que você confere aqui). Mas o início do seu projeto solo foi bem distante dos elementos eletrônicos de “33” e seus antecessores.

A estreia da Madame Spectrum foi em 2014 com o álbum “Deflexão”, lançado no dia 7 de março, com um show de riffs de guitarras e um bom groove da bateria/baixo, tendo a cara do rock nacional do início dos anos 2000 – embora a inspiração tenha sido o projeto do Mike Patton, Tomahawk:

Eu fui ao Lollapalooza 2013 e assisti alguns shows impactantes que vieram a influenciar muito a sonoridade do álbum: um deles foi o projeto paralelo do Mike Patton (Faith No More), Tomahawk. A pegada da bateria de “Deflexão” vem principalmente dali. Liricamente, eu era um jovem de 22 anos quando escrevi aquelas músicas, então tem muita angústia juvenil destilada ali.

Essa “angústia juvenil” é perceptível nas letras ácidas presentes no álbum, sobretudo em “Misantropia” e “Deflexão” – este com um riff cadenciado à la Jerry Cantrell, em que Carlos canta: “Vivo a sua mentira/ Você vive a minha/ Vida imaginária/ Ultrapasse a linha/ Somos cópias enfeitadas/ Características enlatadas”. Marcado pela crueza, “Deflexão” é o meu álbum favorito do Madame Spectrum que, com o decorrer dos seguintes lançamentos, foi incorporando camadas eletrônicas e seguindo outras direções, até chegar no ótimo lançamento do ano passado.