Atualizado em: setembro 2, 2025 às 8:47 pm

Por Arthur Coelho

Uma nova tendência domina a cena de música pesada na década de 2020 com riffs que parecem metralhadoras, pedais duplos rápidos, momentos de “breakdown” e, principalmente, a alternância entre vocais gritados com refrãos melódicos que contam com certo apelo do pop.

Metalcore Moderno, Metalcore Mainstream, Metalcore Melódico….independentemente de como você chame, o fato é que o gênero chegou para ficar e vem ganhando cada vez mais grupos que apostam em uma certa fórmula de se fazer músicas que é influenciada por aspectos do Post-Hardcore dos anos 2000 e de bandas que emulam o Killswitch Engage.

Com isso, a pergunta que surge é: será que muitos nomes da cena conseguem trazer novidades para um estilo que se torna mais repetitivo a cada dia?

A resposta está mais para o não do que para o sim, mas isso não significa que haja um vácuo de bandas que trabalham com novos elementos ou que saibam se aproveitar da “fórmula metalcore” sem soar de forma repetida ou genérica.

Um bom exemplo do caso é o Patient Sixty-Seven, originário da cidade de Perth, na Austrália, que vem se destacando desde o lançamento do EP “What If It Never Gets Better” (2024) e de sua nova versão expandida em março de 2025.

O grupo debutou em 2016 e, segundo seu site oficial, conta atualmente com Tom Kiely (vocais), Rory Venville (guitarra e vocais), Declan Le Tessier (guitarra) e Richard Alexander (bateria). A formação atual é responsável pelo auge do quarteto até o momento e, em comparação com faixas antigas, garante uma evolução impressionante de seu som.

E não menos importante, também demonstra que é sempre possível revigorar e melhorar uma música já lançada, algo que eles provam com a nova apresentação de “What If It Never Gets Better” como álbum deluxe e que agora conta com um single exclusivo e três novas versões com feats. Além de um remix e quatro instrumentais de faixas que saíram antes.

A primeira delas é “Nothing Inspires Forgiveness Quite Like Revenge”, uma das poucas a não contar com colaborações. Ela conta com um instrumental épico e inspirador que toca no coração do ouvinte com uma letra sentimental. Em questão de reproduções, a faixa é o maior sucesso da compilação e também recebeu uma versão eletrônica.

Mesmo com seu destaque, ela não é tão boa quanto “Hibbertia”, que conta com baixos números em sua versão original, mas fez sucesso com o feat do vocalista do Hollow Front nos gritos e “bleghs” típicos do estilo, que chegam a agregar muito. Seu refrão é um dos melhores da compilação e chega a fazer com que o ouvinte crie uma ânsia para ouvi-lo novamente.

O nível é mantido com “No Place” ao construir riffs iniciais que lembram o estilo Djent, mas decepciona um pouco com os doces vocais de Aaron Gillespie, cantor e baterista do Underoath, que soam de forma muito chiclete. A parte gritada da faixa, porém, é ótima e conta com um belo breakdown.

“Mare’s Next” também mostra influências do gênero anterior e poderia muito bem ser um início de música do Meshuggah, se não fosse pela parte melódica que leva o vocal a alternar entre o pop punk e o metalcore. E que fica ainda mais pesada com a parceria de membros do Villain of the Story.

Quando falamos do lado mais pesado do Patient Sixty-Seven, não podemos deixar de citar “Shed My Skin” com Tyler Ennis, líder do Of Virtue, que garante um som coeso e intenso sem precisar de partes melódicas.

O EP original fecha com “Out Of Sight, Out Of My Mind”, que não conta com convidados, e coloca os australianos em outra situação adversa. Ela inicia de forma acústica e caminha de forma crescente com riffs bem diferentes dos anteriores, além de conseguir trazer um toque de sensibilidade mesmo com o uso de vocais rasgados.

Lançamento exclusivo da versão em disco, “Impaired” mostra a boa relação do grupo australiano com colegas da cena musical. Dessa vez, quem faz presença é Taylor Barber, voz principal do Deathcore do Let to Suffer. A faixa faz um dueto vocal entre o convidado e Tom Kiely e novamente dispensa refúgio nas melodias, colocando o Patient Sixty-Seven no auge de sua brutalidade.