Atualizado em: março 5, 2025 às 8:47 am
Por Arthur Coelho
O Silverchair é uma banda que nunca conheceu outra coisa que não fosse o sucesso. Com apenas 15 anos de idade, Daniel Johns (guitarra e vocal), Chris Joannou (baixo) e Ben Gillies (bateria) já haviam debutado no mundo da indústria musical com o estrondoso sucesso do álbum “Frogstomp”, de 1995.
Dois anos depois, em 1997, o power-trio australiano viria a canalizar toda a sua revolta adolescente no memorável Freak Show, outro disco de gigantesca repercussão para a jovem carreira da banda.
O repentino sucesso do grupo logo gerou comparações com o Nirvana e o Pearl Jam, além do rótulo de post-grunge que viria a coroar os comentários daqueles que apontavam a similaridade da música do Silverchair com o estilo da cena de Seattle. Alguns chegaram até a acusá-los de copiar algumas dessas bandas, colocando em questionamento o poder criativo e autêntico do trio.
Goste ou odeie, o fato é que o Silverchair se consagrou como uma das grandes bandas de rock alternativo durante o seu período de atividade, gravando discos e músicas memoráveis. E talvez o melhor fruto dessa euforia tenha sido o terceiro disco deles, “Neon Ballroom”, de 1999, que conta com a produção de Nick Launay.
Esse foi o primeiro álbum lançado após a maioridade de todos os membros do grupo, que elevou os australianos a outro patamar musical, mostrando um som mais único, que não renderia mais comparações a outros grupos, e letras mais maduras abordando temas considerados profundos.
“Anthem for the Year 2000”, como o próprio título já entrega, é um hino da juventude contra as contradições sociopolíticas da virada para um novo século e a promessa de um mundo melhor (We’ll make it up to you in the year 2000; Nós vamos mudar isso para você no ano 2000), enquanto “Ana’s Song (Open Fire)” coloca tudo o que há de mais profundo na luta do vocalista Daniel Johns contra a anorexia em uma letra sincera e tocante.
Enquanto isso, a queridinha dos fãs “Miss You Love” é marcada por ser a baladinha trágica do disco, com um tema tão triste quanta a depressão personificada da sinfônica e progressiva “Emotion Sickness” e as dramáticas letras de “Do You Feel The Same” e “Steam Will Rise”.
O lado mais pesado do Silverchair surge na caótica e gritada “Spawn (Again)”, na faixa punk “Satin Sheets” e nos riffs pesados de “Dearest Helpless”. Faixas que contrastam com a construção melódica e mesclada com violinos de “Black Tangled Heart” e “Paint Pastel Princess”, assim como a filosófica “Point of View”.
Essas 12 faixas fazem de Neon Ballroom um dos discos mais coesos e autênticos do Silverchair, dando largada aos rumos que a banda viria a seguir com uma pegada mais experimental e sinfônica, dando mais identidade ao grupo que surgiu como um descendente do grunge e cresceu como um dos mais relevantes da história de seu país.