Atualizado em: dezembro 5, 2025 às 8:08 am

Por Guilherme Costa

Dois anos após o lançamento do disco de estreia, “Mantém”, o Kobracaio e Os Vida Cobra lançou o disco “Superficial” — embora em algumas postagens em sua conta do Instagram, o registro seja definido como um EP — em todas as plataformas de streaming, via Forever Vacation Records.

Para o seu segundo disco (ou EP), o vocalista e líder da banda Caiasso ganhou a companhia de André de Toca (guitarra), Renê Ruchet (guitarra), Rafael Maranhão (baixo) e André Zinelli (bateria), após a decisão de se manter em sua terra natal, Brasília. Houveram algumas dificuldades em relação ao lançamento, que você pode conferir aqui, que logo foram superadas e o registro pôde ser ouvido em qualquer plataforma de streaming no dia 10 de junho.

Seja pela troca de integrantes ou pelas diversas influências que afetaram o processo criativo do Caiasso (desde Blink 182 a No Pressure, passando por Chuva Negra) “Superficial” está com uma produção mais limpa do que o seu antecessor, cujo Punk Rock foi encorpado por reverbs e camadas de grunge (“O Que Te Faz Feliz”) e até Post-Punk (“Com Você Eu Sou Melhor”), mas não menos pesado e veloz.

O álbum abre com a faixa “Pemba”, introduzida com uma batida seca da bateria do Zinelli, para depois explodir na sempre boa fórmula bateria-baixo-guitarras diretas e retas; em sua parte final é possível ouvir uma voz de fundo — é a voz do João Lemos (Molho Negro). A faixa seguinte, “Campainha”, conta com a participação da Deb Babilônia (Deb and The Mentals), num ótimo crossover entre as bandas!

“Tambores da Liberdade”, além de ser a minha favorita, destoa — positivamente — das demais faixas, com o seu andamento mais cadenciado (com grandes execuções de Rafael Maranhão e André Zinelli) e o vocal mais sóbrio de Caiasso. Assim como em “Com Você Eu Sou Melhor”, o vocalista mostrou que tem feeling para fazer baladas; no caso de “Tambores…” há um tom ambíguo em sua mensagem: “e aqui dentro, o meu peito dói/ eu vou me lembrando/ me afogo nesse oceano/ de tristeza e orgulho, felicidade e amor, foi tudo o que sobrou, quando a história só começou”.

A declaração de amor para a Carol, em “Carol”, e a faixa “Steveen”, que aborda o infortúnio dos conflitos familiares em datas como o natal (o próximo está logo ali), são dois Pop Punks clássicos. Iniciando com um riff simples, elas logo explodem numa atmosfera que nos remete ao Blink e Green Day. Já “Fo Da Se”, embora inicie da mesma forma, pende mais para um Hardcore melódico clássico, com Caiasso gritando contra os seus algozes:

“‘FO DA SE’ emerge como um pedido de licença para existir plenamente, reivindicando a humanidade de corpos historicamente silenciados numa realidade líquida e efêmera. Entre riffs marcantes e uma sonoridade ‘ramoníaca’, Caiasso transforma dor e frustração em arte, provocando reflexão onde a solitude encontra a memória e a conforta a alma no vazio que surge na noite.”

Definido como “Negremo”, a sonoridade de “Superficial” é um grande passo na jovem discografia do Kobracaio e Os Vida Cobra, cuja sua versão do Punk/ Hardcore segue tendo o foco confessional em seu conteúdo lírico.

O Kobracaio e Os Vida Cobra está entre os Melhores do Ano do Um Outro Lado da Música!