Atualizado em: maio 9, 2024 às 10:16 am
Por Guilherme Costa
Confesso que fazia muito tempo que eu não ouvia o CPM 22, banda que eu posso dizer – com toda a tranquilidade – que fez parte da minha adolescência. Com um interesse repentino pelo novo e oitavo álbum de estúdio do grupo, “Enfrente”, eu acompanhei as prévias que foram liberadas: “Mágoas Passadas”, “Dono da Verdade”, “Alívio Imediato” e “Covarde Digital”.
Lançado no último dia 3 de maio, via Ditto Music, “Enfrente” teve o início do seu processo de composição em 2022. O álbum é o primeiro a contar com o baixista Ali Zaher e o baterista, Daniel Siqueira, que se juntaram ao guitarrista Phil Fargnoli e aos integrantes de longa data: Luciano (guitarra) e Badauí (vocalista).
“Esse é um álbum bem Punk Rock [anos] 90. As músicas são muito rápidas; claro que tem variações de levadas, mas a maioria das músicas são rápidas, têm as melodias que a gente sempre gostou de por. E tem mensagens muito positivas nas letras, tem uma abordagem bem interessante de contextos sociais, mas sempre de uma forma muito positiva.” Comentou o vocalista Badauí.
Com esta premissa, os desavisados (como eu), além dos fãs fiéis, tiveram uma grande dose de boas expectativas para o lançamento. E ela foi cumprida!
Além da influência do Hardcore melódico da década de 90, há um certo quê de Dead Fish (a partir do álbum, “Zero e Um”), na faixa que abre o álbum: “Porto Seguro” (além da faixa título). Bom, além do Dead Fish ser uma inspiração por si só, o fato de Phil Fargnoli ter tocado com o grupo durante esta época, ajuda bastante!
A faixa de abertura é seguida pela típica assinatura do Emocore (cujo significado foi deturpado no boom emo da MTV, na metade da primeira década dos anos 2000): “Dono da Verdade” e “Rivais”. Embora o álbum seja pesado, há momentos em que a banda surge mais branda, porém não menos reflexiva, como nas faixas “Mágoas Passadas” e “Conselhos”.
O entrosamento entre os integrantes está afiado, e a voz de Badauí está muito bem, obrigado. Fatores que enriqueceram o novo disco do CPM, além do conteúdo sempre lúcido das suas músicas: “Seu passado está em branco/ Não há legado algum/ Só um número a mais na terra desgastada” (“Covarde Digital”).
Voltar a ouvir uma banda da adolescência é como revisitar o passado. Às vezes este retorno pode ser ingrato, mas quando você revisita o passado, se depara com o presente, e sente que houve um amadurecimento em conjunto com a banda, é sintoma de que a qualidade não se perdeu durante o seu caminho. E isso foi o que eu sentir ao ouvir o novo álbum do CPM 22.