Atualizado em: fevereiro 27, 2024 às 11:33 am

Por Guilherme Costa

Foi no cada vez mais longínquo ano de 2018 que eu tive o meu primeiro contato com o Feels, ao ver a execução de “Car”, no Jam in The Van. O caso foi de amor à primeira vista, e a banda se tornou uma das minhas favoritas. O fim do grupo veio em 2021, após dois discos de estúdio (“Feels”, 2016, e “Post Earth”, 2019) e o EP, “Subversive Reaction”.

Shannon Lay já havia deixado a banda pouco tempo após o lançamento de “Post Earth”, Cole Berliner (que gravou o último EP do grupo) seguiu com o Kamikaze Palm Tree (que agora atende por Sharpie Smile), Michael Rudes formou o Normans e Laena Geronimo lançou o seu disco solo, “Luv (Songs of Yesterday”), após ser violinista de apoio de artista como o Ty Segall, John Frusciante e The Allah Las.

Sob o nome de Laena Myers (a musicista é filha do falecido baterista do DEVO, Alan Myers), a estreia solo é extremamente íntima, com faixas percorrendo pelos seus relacionamentos amorosos e pessoais: em “Give ‘em Hell”, ela comenta sobre uma frase que o seu pai sempre dizia, que era o combustível para ela se jogar para os desafios existentes. Com uma estrutura quase que toda voltada para a Folk Music, “Luv (Songs of Yesterday)” ganha contornos de uma autêntica trovadora.

Lançado na última sexta-feira (23), via Taxi Gauche Records, o álbum conta com Nick Murray (bateria), Jeff Friborg (sintetizadores), Froth), Cole Berliner (Lap Steel) e Gabe Flores (saxofone). Mas, diferentemente da sua antiga banda, o foco é todo para Laena que toma a frente do jogo e lidera o grupo para a direção que ela bem entender. “Pulsar”, por exemplo, é o seu violino que direciona os demais instrumentos, numa das poucas faixas que remete aos tempos do Feels (é importante ressaltar que o álbum foi sendo criado durante a época em que a musicista esteve com a sua antiga banda; então é meio notável que algo remete à época).

Mas o álbum também é sobre o aqui e agora, e no seu decorrer o Folk de “Bouquet” e “the Choir” e a veia Pixies de “Splendor” (que até poderia fazer parte de algo do Feels) dão o tom da persona trovadora que a cantora emula. O violino e Lap Steel de “Kitchen Humming” é um interlude que mostra o quão importante e presente em sua vida musical o instrumento se tornou.

Para quem a conheceu no Feels, como eu, “Luv (Songs of Yesterday)” é como conhecer um outro lado do seu artista favorito e compartilhar a evolução com ele (neste caso, ela).

Imagem da capa do disco solo da Laena Myers

Reprodução: Facebook/ Laena Myers