Atualizado em: abril 18, 2025 às 9:33 am
Por Guilherme Costa
O disco de estreia do Sicksense era aguardado com uma certa expectativa, porque seria o primeiro registro completo da banda da antiga vocalista do Agonist, Vicky Psarakis, e pelas prévias que mostraram uma evolução da sonoridade dos últimos EPs (“Fools Tomorrow” e “Kings Today”).
Até então, o grupo era uma boa banda de Nu Metal, que lembrava o Limp Bizkit e o Psyko Dalek (banda que teve uma música executada durante a entrada do wrestler Drew Galloway – também conhecido por Drew McIntyre, na época da TNA). Agora, o Nu Metal moderno segue, bem como a referência da banda do Fred Durst, com uma pitada de Metalcore moderno (você sabe, inserção de camadas eletrônicas).
“Cross Me Twice” deveria ser lançado em fevereiro, mas teve a data alterada para o dia 28 de março, quando finalmente viu a luz do mundo, via Earache Records. A faixa de abertura (“Sellout”) já revela como o grupo evoluiu, com uma pós produção criando bases eletrônicas pomposas e uma direção que não se limita à emulação do Nu Metal tradicional; há elementos do Modern Metal (ou Metalcore moderno), Death Metal e a roupagem que as bandas de Symphonic Metal (como WIthin Temptation, Delain, Xandria, Blackbriar e etc) tem adotado cada vez mais.
A dupla de cantores, Vicky Psarakis (sob o pseudônimo Killer V) e Rob The Ripper, estão muito mais entrosados e versáteis, como é possível perceber em “Sellout”, com Psarakis fazendo uma espécie de rap, cantando limpo e gutural, enquanto The Ripper é o responsável pelos guturais – tudo isso em pouco mais de 4 minutos de música. A sequência, “Wildfires”, é guiada pelo rap de Ripper (rap em gutural, inclusive) ao passo que Psarakis dá o tom melódico no refrão. Para além da dupla de vocais, a base instrumental esbanja técnica, peso e feeling, sob a batuta de Brainslav Panic (Guitarra), Samuel Bedard (baixo) e Cody Taylor (bateria).
Como eu comentei, o álbum não é apenas um “Nu Metal Moderno”. O Modern Metal também está muito presente no álbum, sempre com boas bases eletrônicas, como é o foco da serena “Throwback”, que é estendida para o interlude “Fever Dream” e concluída em “Invisible”. Três faixas em que o Sicksense diminuiu o intenso ritmo da abertura para focar numa atmosfera mais introspectiva e temática sufocante (“Não consigo me incomodar em ver quando estou me afogando no escuro/ Você quer que a gente nade, mas me prendeu pelos joelhos/ Sinta o peso do oceano nos meus ombros/ Não consigo me incomodar em ver porque estou me afogando”).
A segunda metade do álbum é mais pesada, embora “On Repeat” tenha beats de Trap e “Here Comes All The Memories” foca em camadas eletrônicas oníricas, num terreno mais conhecido pelos fãs do grupo. “Masquerade Parade”, por exemplo, poderia muito bem estar no EP lançado em 2023; e “In This Carousel” é outra grande amostra do grande Frankenstein sonoro do Sicksense.
“Cross Me Twice” segue a mesma competência que o Amaranthe teve ao unir Metal e música pop (eletrônica). Tudo aqui é coerente e coeso, colocando o álbum de estreia do Sicksense entre os destaques do ano!