Atualizado em: fevereiro 13, 2025 às 9:52 am
Por Arthur Coelho
No dia 26 de setembro de 2006 a banda estadunidense Saosin mudou completamente a história do gênero do post-hardcore, popularizado por bandas do início dos anos 2000 que incorporaram elementos mais melódicos e letras sentimentais ao hardcore feito em período anterior.
Após o lançamento do EP de estreia do grupo “Translating the name” (2003), o quinteto se encontrou em uma nova formação que contava com: Beau Burchell (guitarra), Justin Shekoski (guitarra e backing vocal), Chris Sorenson (baixo e backing vocal), Alex Rodriguez (bateria) e Cove Reber, que seria a principal novidade para os fãs ao substituir o carismático Anthony Green nos vocais da banda.
Com esses nomes, o primeiro disco do Saosin, autointitulado e também conhecido como álbum do besouro, foi produzido e compilado num total de 12 faixas marcantes que traziam um novo som pouco menos caótico, com uma melhor produção e músicas que ficariam marcadas no coração de todos os fãs do hardcore, sendo impossível apontar uma única música ruim.
A icônica “It’s Far Better to Learn” é a faixa que inicia o disco, começando com uma frenética sequência tribal do baterista Alex Rodriguez e recebendo apenas o acompanhamento da guitarra. Logo Cove Reber entra com seus vocais emotivos e mostra a nova cara do Saosin.
O grupo não perdeu sua essência do primeiro EP, mas ficou mais maduro com a entrada de novos membros e com uma nova composição que passaria a soar de forma cada vez mais agridoce entre questões facilmente identificáveis.
“Sleepers” é uma emenda da música de abertura, dando continuidade ao seu riff final e fazendo uma dobradinha que não fica de fora em nenhum dos shows da banda. A música mostra todos os atributos do Saosin como conjunto musical, destacando as impulsivas e criativas viradas de Alex nos tambores, preenchendo todos os espaços da melodia, e os intensos riffs de guitarra. Tais características são marca registrada dessa formação do grupo de post-hardcore em todo o disco. O autointitulado segue em frente com “It’s So Simple”, que abre sua faixa com uma guitarra eletrizante, após fazer uma pausa com o introspectivo hit “Voices”, um dos sons mais famosos que a banda já lançou. Esse respiro se repete em “Finding Home”, outra boa faixa, mas que não chega perto da maestria das anteriores. Depois, os estadunidenses retornam de forma intensa com uma sequência que começa com a empolgante “Follow and Feel”, passa pela pesada “Come Close” e seu contraste melódico e épico de “I Never Wanted” até literalmente explodir ao som de “Collapse”, uma faixa de revolta onde a bateria de Alex Rodriguez beira ao absurdo de tanta criatividade.
“You’re Not Alone” é um marco da reta final do disco, sendo também sua faixa mais leve e o grande hit do grupo, com uma mensagem de acolhimento que ressoa de forma emocionante na voz de Cove Reber.
A compilação é enfim finalizada com o peso da dupla “Bury Your Head” e “Some Sense Of Security”, duas das melhores faixas de todo o álbum, onde o vocal chega ao seu auge.
Nos segundos finais do disco de estreia da banda, as frases “This Won’t mean anything” e “This Won’t mean anything tonight” reverberam em fade-out acompanhadas de um delicado piano que encerra a compilação com chave de ouro, colocando o Saosin no coração e mente de seus ouvintes, assim como sua bateria marcante, suas melodias impossíveis de não cantar junto e seus variados riffs num patamar de grande influenciador de toda uma cena musical.